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Outra jornalista é morta no México: corpo de repórter de Veracruz é encontrado em Puebla

Autoridades mexicanas confirmaram que o corpo encontrado no estado de Puebla é da jornalista Anabel Flores Salazar, sequestrada em sua casa em Veracruz na última segunda-feira, de acordo com a revista Proceso.

A confirmação foi feita por promotores de Puebla e de Veracruz, pela Comissão Estadual de Atenção e Proteção a Jornalistas (CEAPP, na sigla em espanhol) e por análises forenses após parentes da jornalista terem viajado a Puebla para reconhecimento do corpo, ainda segundo a Proceso.

Segundo o site jornalístico Zeta, o corpo foi encontrado pendurado em uma árvore, com uma sacola plástica cobrindo a cabeça. De acordo com a revista Proceso, o corpo estava parcialmente vestido e foi encontrado em uma área a 30 minutos da cidade onde a jornalista vivia.

Na madrugada do dia 8 de fevereiro, um grupo de homens armados entrou na casa de Salazar Flores em Veracruz e a levaram "para efetivar um mandado de prisão contra a repórter", sua família na época.

A jornalista cobria assuntos relacionados ao crime organizado para o jornal El Sol de Orizaba e trabalhava para outros meios, como El Mundo de Orizaba e El Ben Tono, segundo o grupo Animal Político.

Ao confirmar o sequestro da jornalista, a CEAPP de Veracruz disse que Flores Salazar era uma "repórter incisiva e cobria o crime organizado."

O México é um dos países mais perigosos para jornalistas. Um relatório da Federação Internacional de Jornalistas lista o país em terceiro no ranking de nações com maior número de jornalistas mortos nos últimos 25 anos; a organização registrou 120 casos no México.

Veracruz se tornou um dos mais perigosos estados mexicanos para jornalistas. Dos sete assassinatos de jornalistas ocorridos em 2015 no país, três ocorreram no estado. Em julho de 2015, a organização Artigo 19 disse que, desde 2000, 18 repórteres foram mortos em Veracruz e que 12 mortes ocorreram durante a administração do atual governador Javier Duarte.

Além da morte de jornalistas, "há no país atualmente 23 jornalistas desaparecidos", segundo o Artigo 19, "e as autoridades ainda não esclareceram a verdade nem trouxeram justiça a esses casos". Esse é o número mais alto do mundo, segundo a organização.

O relatório "O desaparecimento e o desaparecimento forçado daqueles que exercem a liberdade de expressão no México", apresentado em 9 de fevereiro, apontou que, na média, dois jornalistas desapareceram no país a cada ano - entre 2003 e 2015. 

Segundo o Artigo 19, o relatório "expõem as falhas do Estado e a falta de vontade para atender a essas graves violações de direitos humanos". A organização destacou os casos de Moisés Sánchez Cerezo, sequestrado e encontrado morto dias depois.

Veracruz, Michoacan e Tamaulipas são os estados com mais casos - quatro desaparecimentos cada.

Em 96% dos casos, os jornalistas cobriam temas ligados à corrupção de setores públicos e crime organizado, de acordo com o relatório. Em 23% dos casos, o jornalista havia recebido ameaças anteriores.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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