Ataques com pedras, paus, líquidos ferventes, ameaças e impedimentos ao acesso à informação são alguns dos ataques que a imprensa vem sofrendo durante a cobertura dos protestos que começaram em 13 de junho no Equador.
Em toda a América Latina, os governos têm tentado diferentes modelos para investigar e processar os ataques contra jornalistas. É evidente que não existe um modelo unificado para criar um escritório para investigar e processar tais crimes. Alguns países têm promotores especiais, enquanto outros têm unidades de investigação. Além disso, os resultados de seus esforços são muitas vezes difíceis de ser rastreados, dizem os especialistas.
Os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira atraíram a atenção nacional e internacional para a região amazônica onde se encontram as fronteiras entre Brasil, Peru e Colômbia. Do lado brasileiro, a ausência do Estado e a forte presença do crime organizado inibem comunicadores locais de reportar sobre atividades ilegais.
A LatAm Journalism Review ouviu amigos, colegas de trabalho e familiares do jornalista brasileiro Tim Lopes, assassinado em 2 de junho de 2002. O caso provocou mudanças profundas nas empresas jornalísticas, com a implementação de medidas de segurança e a redução da cobertura em áreas de risco. No entanto, jornalistas brasileiros se sentem tão ou mais vulneráveis hoje quanto há 20 anos atrás.
A jornalista chilena Francisca Sandoval morreu dias depois de ser baleada na cabeça enquanto cobria as violentas marchas em 1º de maio, Dia do Trabalhador, no país. O Ministério Público chileno prendeu três suspeitos e também anunciou que foi aberta uma investigação sobre a força policial.
Familiares, colegas e organizações nacionais e internacionais exigem justiça e garantias para o exercício do jornalismo livre de violência no México, após os assassinatos das jornalistas Yesenia Mollinedo e Johana García em 9 de maio, e do colunista Luis Enrique Ramírez, em 5 de maio.
Em 2018, a Associação de Jornalistas de El Salvador apresentou um projeto de lei para a proteção de jornalistas. Depois de quase três anos, o esforço foi interrompido. A iniciativa foi arquivada quando o partido no poder Nuevas Ideas assumiu o controle da Assembleia Legislativa. As partes que retomaram a discussão no último minuto se responsabilizam entre si pela falta de aprovação.
Por Luis Ángel Sas* Este é o terceiro artigo de uma série sobre mecanismos de proteção para jornalistas na América Latina.** Em 8 de março de 2022, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, apresentou um relatório sobre a Guatemala que alertava para um clima de agressão e hostilidade contra […]
Como em outros países da região, já estão ocorrendo discussões na Bolívia para estabelecer um mecanismo de proteção que limite a violência contra jornalistas. Por enquanto os projetos são confidenciais, mas a violência contra os jornalistas que os motivaram é visível.
Quatro anos após a revolta social de 2018 na Nicarágua, mais de 120 jornalistas foram para o exílio, pelo menos 20 meios de comunicação foram confiscados, não há jornais impressos circulando no país e seis jornalistas receberam penas de 7 a 13 anos de prisão, com multas milionárias. No entanto, a imprensa independente da Nicarágua continua lutando por sua liberdade, dentro e fora do país.
Com o aumento da violência contra jornalistas na América Latina, vários países criaram mecanismos de proteção destinados a implementar medidas de segurança para jornalistas que relatam ataques ou ameaças contra eles.
Após devolver seu esquema de segurança por constatar irregularidades no tratamento de seus dados, a jornalista colombiana Claudia Julieta Duque denuncia ter sofrido pelo menos dois graves incidentes de segurança e o descumprimento por parte do Estado das medidas cautelares outorgadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).