As demandas diárias das redações muitas vezes deixam pouco tempo para os jornalistas pensarem sobre jornalismo, suas carreiras ou mesmo os dilemas éticos que afetam seu trabalho.
É por isso que diferentes universidades e institutos ao redor do mundo oferecem bolsas, recursos e outros tipos de apoio anualmente para que jornalistas e outros profissionais de comunicação possam pausar temporariamente suas rotinas e se dedicar ao desenvolvimento de projetos e soluções para um setor cada vez mais dinâmico.
Como é tradição, a LatAm Journalism Review (LJR) compilou uma lista de bolsas ao redor do mundo abertas a profissionais de comunicação. Todas estão abertas a candidatos do mundo todo e exigem fluência em inglês.
Antes de se candidatar, convidamos você a ler esta matéria da LJR em que jornalistas latino-americanos que já participaram de algumas dessas oportunidades dão conselhos para montar candidaturas mais atraentes.
Abaixo estão algumas bolsas e oportunidades organizadas por prazo de inscrição, começando pelas que encerram mais cedo.
Para jornalistas científicos em início de carreira, o The Open Notebook (TON) oferece um programa de 12 meses cujo período de inscrição se encerrará em breve. Durante o ano de bolsa, os jornalistas selecionados receberão mentoria para planejar, fazer reportagens e escrever artigos para o The Open Notebook, além de participar da equipe editorial do TON.
A partir de 23 de fevereiro de 2026, os bolsistas iniciarão o programa, que será realizado remotamente e em meio período. Espera-se que cada jornalista dedique pelo menos de 5 a 7 horas por semana, embora algumas semanas exijam mais tempo.
A bolsa tem como objetivo permitir que os jornalistas selecionados explorem seus interesses e paixões profissionais de forma a aprimorar suas habilidades. Os candidatos devem ter experiência prévia escrevendo para o público geral e ter menos de três anos de experiência em jornalismo científico (algumas exceções se aplicam).
Os bolsistas receberão US$6.600. Durante a bolsa, eles deverão escrever quatro artigos para o The Open Notebook, participar de reuniões semanais com um mentor e participar de conversas na comunidade do Slack com outros participantes e editores.
As inscrições devem ser enviadas até 23h59 (horário central dos EUA) do dia 31 de outubro de 2025. A carta de referência pode ser enviada até 7 de novembro de 2025.
Para mais informações, visite o site oficial.
Talvez uma das bolsas mais antigas e prestigiadas, está com inscrições abertas para o período de 2026-2027. Os jornalistas selecionados passarão um ano acadêmico na Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts, com o objetivo de se dedicar ao estudo de um tema específico na área de jornalismo.
Um dos requisitos de inscrição é um ensaio de no máximo 500 palavras descrevendo como você passará o ano em Harvard.
Durante o período da bolsa, os selecionados poderão participar de aulas com os principais especialistas da instituição e, ocasionalmente, também de aulas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade Tufts.
Além disso, os bolsistas participam de seminários, workshops e conferências desenvolvidos para fortalecer suas habilidades profissionais e capacidade de liderança. De acordo com a página da bolsa, aqueles que participam deste programa frequentemente voltam para trabalhar como empreendedores jornalísticos, inovadores do setor e executivos seniores em suas redações.
Os bolsistas Nieman recebem um total de US$85.000, que será entregue ao longo de um período de nove meses para cobrir os custos de vida. Eles também podem receber auxílio financeiro para seguro de saúde e cuidados infantis.
Os candidatos internacionais têm até 1º de dezembro de 2025 para enviar suas inscrições, enquanto os candidatos americanos podem enviá-las até 31 de janeiro de 2026. A cada ano, são escolhidos 12 candidatos internacionais e 12 americanos.
Para mais informações, visite o site oficial
Tempo e recursos. Estes são os principais atrativos da Knight-Wallace Fellowship, com sede na Universidade de Michigan, em Ann Arbor. Durante um ano letivo (oito meses), jornalistas "com vontade de crescer e profundamente comprometidos com o futuro do jornalismo" poderão se dedicar a um projeto jornalístico de sua escolha.
"Buscamos uma diversidade de jornalistas, incluindo repórteres, editores, especialistas em dados, jornalistas visuais, produtores de áudio, especialistas em engajamento, designers, desenvolvedores, empreendedores e agentes de mudança organizacional", diz a página oficial.
Eles poderão trabalhar em áreas como aperfeiçoar habilidades profissionais, enfrentar um desafio que sua redação enfrenta, analisar dados e pesquisar para um projeto jornalístico de longo prazo ou desenvolver um empreendimento jornalístico.
A cada ano, são escolhidos 20 bolsistas que recebem uma bolsa de US$85.000 pelos oito meses de duração, mais US$5.000 para despesas de realocação. Além disso, o Wallace House Center for Journalists, que oferece a bolsa, cobre o seguro de saúde, aulas ou workshops que exijam pagamento. O programa acontece de agosto de 2026 a maio de 2027.
O prazo de inscrição para candidatos internacionais encerra em 1º de dezembro de 2025, e para candidatos americanos em 1º de fevereiro de 2026.
O Wallace House oferece webinars para auxiliar no processo de inscrição: o primeiro será em 27 de outubro e o segundo em 21 de novembro. Para candidatos dos Estados Unidos, haverá um terceiro em 10 de dezembro.
Para mais informações, visite o site oficial
Oferecer aos jornalistas a oportunidade de se desconectarem das exigências diárias do trabalho para "reimaginar o futuro do jornalismo" é o objetivo da JSK Fellowship da Universidade de Stanford, na Califórnia. Os jornalistas selecionados passarão nove meses na prestigiada universidade focados em se tornarem líderes mais eficazes e resilientes.
Cada bolsista concentra seu tempo em uma área de especialização que tenha escolhido, como por exemplo aprimorar habilidades profissionais específicas, trabalhar em um desafio de seu veículo ou comunidade, pesquisar e explorar ideias para um novo projeto ou aprofundar sua experiência em uma área de cobertura específica.
Os candidatos devem ter pelo menos cinco anos de experiência profissional. A bolsa não patrocina livros, projetos de reportagem nem é uma aceleradora de iniciativas.
Os bolsistas receberão uma bolsa de US$130.000 pelos nove meses de duração, e terão cobertas a matrícula em Stanford e o seguro médico dos bolsistas e suas famílias.
A bolsa começa em setembro de 2026 e vai até maio de 2027. Os jornalistas selecionados devem se dedicar em tempo integral ao projeto da bolsa, participar de reuniões semanais com seus colegas e individuais com seus mentores, e participar ocasionalmente de eventos da JSK, entre outras atividades.
Para auxiliar no processo de inscrição, a bolsa oferece dois webinars nos quais executivos da JSK responderão a perguntas. O primeiro acontecerá no dia 30 de outubro e haverá outro no dia 12 de novembro.
Para mais informações, visite o site oficial.
Durante quatro meses, profissionais de diferentes disciplinas e de todo o mundo se reúnem na Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, para "crescer intelectualmente, compartilhar conhecimento, fortalecer habilidades e expandir redes de contatos".
No âmbito do Programa Maurice R. Greenberg World Fellows, os profissionais passarão seu tempo de meados de agosto até meados de dezembro de 2026 em Yale, onde participarão de seminários, aulas, eventos semanais e jantares.
Os candidatos selecionados recebem uma bolsa para cobrir despesas de moradia em New Haven, um apartamento mobiliado, seguro médico e despesas de viagem.
Os interessados em se candidatar devem ter entre cinco e 25 anos de experiência profissional com "conquistas demonstradas e significativas em nível regional, nacional ou internacional". É voltado para cidadãos de qualquer país, exceto os Estados Unidos.
Embora não seja uma bolsa exclusiva para comunicadores e/ou jornalistas, desde 2022, pelo menos 64 profissionais dessas áreas foram bolsistas.
Para se candidatar, é necessário enviar um currículo, uma carta de interesse de no máximo 600 palavras e três cartas de recomendação.
Para mais informações, visite o site oficial.
Focada na ética profissional e na liderança responsável, a Fellowship em Auschwitz para o Estudo da Ética Profissional (Faspe) é um programa intensivo de duas semanas na Europa no qual os participantes são convidados a refletir criticamente sobre dilemas éticos atuais.
Por meio da análise do papel que jornalistas alemães e internacionais desempenharam na disseminação ou distorção das políticas do regime nazista, o programa oferece um contexto histórico que permite aos bolsistas compreender a relevância de seu trabalho e seu impacto na sociedade. O objetivo é fomentar uma atitude crítica diante dos desafios éticos que tanto jornalistas quanto organizações de mídia enfrentam atualmente.
Entre 13 e 16 bolsistas na área de jornalismo, incluindo estudantes de pós-graduação e profissionais em início de carreira, são escolhidos anualmente. Durante o programa, os participantes viajam para a Alemanha e Polônia, onde visitam locais históricos relacionados ao nazismo e participam de seminários conduzidos por especialistas em ética e jornalismo.
Lá, compartilharão experiências com bolsistas de outras disciplinas, como medicina, administração e líderes religiosos, para promover uma abordagem interdisciplinar.
O prazo final para inscrição é 4 de janeiro de 2026. As cartas de recomendação podem ser enviadas até 9 de janeiro de 2026. O programa que inclui a área de jornalismo acontecerá de 19 de junho a 3 de julho de 2026.
Para mais informações, visite o site oficial.
As inscrições para o período 2026-27 da Fellowship Knight de Jornalismo Científico do MIT abrem em novembro de 2025. Durante nove meses, 10 jornalistas científicos do mundo se reúnem na prestigiosa universidade para explorar ciência, tecnologia e jornalismo; e se concentrar em uma especialidade científica.
Durante o período da bolsa, os jornalistas realizarão um projeto de pesquisa relacionado ao jornalismo. Em anos anteriores, por exemplo, bolsistas desenvolveram reportagens multimídia, realizaram pesquisas para escrever livros ou se aprofundaram em um tema específico da ciência.
O programa oferece reuniões periódicas para acompanhar o projeto.
Além de seminários e workshops, os bolsistas também realizam excursões a locais de especial interesse para jornalistas de ciência e tecnologia. Em edições passadas, visitaram a Instituição Oceanográfica Woods Hole e o Laboratório de Biologia Marinha em Woods Hole, Massachusetts; o Laboratório Jackson em Bar Harbor, Maine; e a Floresta Harvard em Petersham, Massachusetts.
Os selecionados recebem uma bolsa de US$85.000 dividida em nove meses e meio de duração. Também recebem apoio financeiro para viagem e acomodação, além de seguro médico.
Para mais informações, visite o site oficial.
O Instituto de Jornalismo Donald W. Reynolds (RJI), da Universidade do Missouri, em Columbia, abrirá as inscrições para sua fellowship no próximo 1º de dezembro. O convite é para veículos e jornalistas interessados em criar recursos acessíveis, gratuitos e inovadores "que abordem uma necessidade, lacuna ou desafio atual no jornalismo".
O resultado final da bolsa deve ser um recurso que jornalistas e redações possam utilizar, seja um guia, uma ferramenta, uma plataforma ou um workshop. Esses projetos são desenvolvidos, testados e lançados ao público durante o período da bolsa. Também se espera que cada bolsista escreva artigos mensais, participe de reuniões semanais e visite o RJI para sessões de capacitação.
Alguns projetos criados em anos anteriores incluem uma ferramenta de SEO baseada no Slack, um guia bilíngue sobre desinformação e um guia de início rápido para o trabalho freelance, entre outros.
O RJI oferece dois tipos de bolsas: residencial ou remota, esta última individual ou institucional.
A primeira requer a presença da pessoa durante um ano no RJI, onde colaborará com funcionários, alunos e professores do instituto em Columbia, Missouri. Para isso, a pessoa receberá uma bolsa de US$5.000 mensais para despesas de subsistência e terá acesso a um financiamento de até US$100.000 para despesas do projeto. Esta bolsa tem início em 29 de junho de 2026.
No segundo tipo, o recurso pode ser dado a um bolsista ou a uma instituição que trabalhe em um projeto para fortalecer o jornalismo. Em ambos os casos, será concedida uma bolsa de US$25.000, mais um bônus pelo impacto do projeto de US$5.000 que será pago à medida que os objetivos de cada etapa da fellowship forem cumpridos. Também tem início em 29 de junho de 2026.
O prazo de inscrição abrirá em 1º de dezembro de 2025 e vai até 6 de fevereiro de 2026. No dia 3 de dezembro, haverá uma sessão para responder perguntas sobre a fellowship.
Para mais informações, visite o site oficial.
Jornalistas ativos, em meio de carreira, podem tirar uma folga de seus trabalhos cotidianos e aproveitar a Bolsa do Instituto Reuters para se aprofundar em temas do jornalismo.
Em seminários, eventos de networking, debates com colegas e na criação de um projeto pessoal, os cerca de 30 jornalistas escolhidos anualmente passam entre três e seis meses na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
O objetivo é que os bolsistas trabalhem em um projeto que terá um impacto direto sobre eles mesmos, sua carreira profissional, a redação na qual trabalham ou até mesmo de forma global para a indústria de mídia. O programa é voltado para jornalistas e editores que voltarão a trabalhar no jornalismo após seu período em Oxford.
A maioria dos bolsistas recebe patrocínio integral. Eles receberão uma bolsa de £ 2.000 mensais que cobre moradia, alimentação e despesas gerais. A fellowship cobre as despesas de viagem e de visto.
As inscrições para o período acadêmico de 2026-27 serão abertas em janeiro de 2026.
Para mais informações, visite o site oficial.
A Fellowship Knight-Bagehot abre seu período de inscrição no outono de 2026. Com sede na Universidade de Columbia, em Nova York, a fellowship é voltada para profissionais editoriais em tempo integral de jornais, revistas, agências de notícias, meios digitais, organizações de notícias de televisão e rádio, bem como para jornalistas independentes de qualquer parte do mundo.
Os candidatos devem ter pelo menos quatro anos de experiência em jornalismo empresarial, econômico e financeiro e ter obtido um diploma de graduação (ou equivalente) de uma universidade credenciada.
De acordo com o site oficial, eles interpretam o jornalismo econômico de maneira mais ampla: "se você segue o dinheiro, pode se candidatar". Além de cobrir temas tradicionais como bancos, investimentos, imóveis, finanças pessoais etc., também consideram as candidaturas de jornalistas que cobrem o setor fiscal e político do governo, jornalistas científicos que cobrem inovação corporativa e/ou jornalistas esportivos que cobrem o aspecto econômico do esporte, para mencionar alguns exemplos.
Durante os dois semestres em Columbia, os bolsistas geralmente cursam aulas na Escola de Negócios. Devem completar 30 créditos no ano e cumprir com as obrigações de qualquer estudante, como passar em provas e entregar trabalhos.
Geralmente, os bolsistas são selecionados entre candidaturas dos Estados Unidos, mas está aberta a jornalistas internacionais. "Buscamos especificamente candidatos que possam contribuir para um melhor jornalismo empresarial em todo o mundo", diz o site da bolsa.
O número de bolsas concedidas a cada ano, assim como o valor da bolsa para despesas de subsistência, é determinado com base nos recursos financeiros do programa. Em geral, a matrícula em Columbia é totalmente coberta, da mesma forma os bolsistas têm cobertura do seguro médico, e há moradia estudantil subsidiada disponível. Em outros anos, os bolsistas receberam uma bolsa de US$70.000 para o programa de nove meses.
