Se a Justiça do Equador confirmou a condenação à prisão de um ex-colunista e três diretores do jornal El Universo, processados por difamação pelo presidente Rafael Correa, o próprio mandatário atacou a imprensa em seu discurso no Fórum de Líderes Mundiais, na Universidade de Columbia, em Nova York.
No discurso, ironicamente batizado de "Sociedade Vulneráveis: Mídia e Democracia na América Latina" (pois seu governo tem atacado a imprensa), o presidente do Equador acusou os jornalistas de contar mentiras. Segundo ele, falta "amor à verdade", informou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Para o CPJ, o discurso de Correa deixou claro seu profundo "desprezo" pela imprensa. Seu "principal argumento pareceu baseado em sua crença de que, ao noticiar questões de governo de forma crítica, a imprensa se coloca como um ator político, na tentativa de 'substituir o Estado de Direito pelo Estado de Opinião'", acrescentou o CPJ. "Os Estados Unidos são um país muito interessante", disse Correa. "Você pode insultar o presidente e nada acontece. Mas se maltratar seu cachorro, você vai para a cadeia".
De acordo com a Reuters, Lee Bollinger, reitor da Universidade de Columbia (que administra o prêmio Pulitzer, o mais importante do jornalismo americano) e especialista em liberdade de expressão, disse que o “presidente Correa também recebeu muitas críticas pelo tratamento que dá à mídia no Equador e por políticas que vão contra as liberdades de imprensa e expressão".
Bollinger acrescentou que "tais leis que transformam as críticas a autoridades em crime vêm sendo tipicamente adotadas por democracias emergentes ou por outras sociedades que tentam coibir ameaças a uma estrutura política frágil".
A seguir, veja um vídeo sobre o discurso de Correa: