Sylvia Gereda, uma das fundadoras e diretora do jornal elPeriódico da Guatemala, decidiu renunciar após discordar de outro fundador da publicação e considerar que as decisões tomadas sem seu consentimento comprometem a independência jornalística do veículo, segundo anunciou a jornalista em seu blog. Em um esclarecimento, José Rubén Zamora, editor e fundador da elPeriódico escreveu: "Eu não censurei seu trabalho e não é verdade que Manuel Baldizón, candidato presidencial, interfere, e muito menos é o proprietário do elPeriódico, como ela diz."
Gereda publicou uma coluna na qual se opõe à candidatura presidencial de Manuel Baldizón por seus vínculos com a máfia. Dias depois, soube por uma carta assinada pelo político que ele havia se tornado acionista do elPeriódico.
“Devo reconhecer que esta carta me deixou paralisada. Jamais convidei Baldizón ou sua família a participar como sócio do projeto jornalístico que fundei e nunca fui sua amiga, como insinua a carta; e muito menos Baldizón conhece 'minha linda família'. O que me faz pensar que esta frase é uma ameaça velada”, escreveu Gereda em sua carta de renúncia, não publicada pelo elPeriódico, que nega as alegações de Gereda de censura ou interferência editorial por Baldizón.
"Dois candidatos presidenciais, Otto Pérez Molina e Manuel Baldizón, também são acionistas minoritários nesta empresa jornalística", Zamora escreveu. "Devo dizer que nunca Otto Pérez me pediu um favor ou me incomodou, enquanto Manuel é capaz de perseguir e fazer explodir o mais paciente. No entanto, nós nunca lhe demos qualquer concessão e elPeriódico foi o mais crítico de suas idéias loucas, muitas extravagâncias excentricidades ... Nós somos críticos independentes e aqueles associados com responsabilidades públicas têm sido e serão objeto de análise e escrutínio como qualquer outro da Guatemala. Eles compraram algumas das 5 mil ações do jornal, mas nunca a imunidade , a impunidade, ou privilégios."
Após saber que o elPeriódico estava nas mãos de Baldizón, a equipe de investigação do jornal, formada pelos jornalistas Marvin del Cid, Gerson Gudiel, Mario Alfaro e Juan Carlos Barillas, também renunciou, segundo a organização Cerigua.
Gereda decidiu renunciar pouco antes da publicação completar 15 anos e a poucos dias do segundo turno eleitoral no país.
“Minha moral e meus princípios não me permitem ficar em silêncio e muito menos ter uma relação empresarial com um político como Baldizón, vinculado a grupos da máfia”, expressou.
Zamora lamentou "este incidente que desviou a atenção do público com mera questão interna do jornal. Não se trata de qualquer mudança na linha editorial do El Periódico, nem de uma reestruturação das ações, e menos ainda de censura. Este assunto foi tornado público, inevitavelmente, porque nós somos jornalistas públicos. Este não é o primeiro teste que nós, como um jornal, confrontamos, nem será o último. A crise nos levou a refletir, a ser mais profissionais e mais rigorosos com a verdade. "
De acordo com Noticieros Televisa, este candidato presidencial também ameaçou o jornalista Jorge Jiménez, da Rádio Nuevo Mundo, após ele ter feito uma pergunta incômoda ao político.
