Todos os partidos políticos com representação no Parlamento uruguaio vão assinar um Pacto Ético contra a desinformação no dia 26 de abril. A iniciativa nasceu da Associação de Imprensa Uruguaia (APU, na sigla em espanhol) com o objetivo de que os políticos se comprometam a "não gerar ou promover notícias falsas ou campanhas de desinformação em detrimento de seus adversários" na próxima disputa eleitoral, informou a Observacom.
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, e os ex-presidentes José Mujica e Julio Sanguinetti confirmaram presença na cerimônia de assinatura do pacto, informou a APU.
Luis Corbello, secretário de imprensa da APU, disse à Radio Uruguay que a iniciativa foi formalizada em dezembro passado, e a ela também se uniram organizações internacionais e organizações da sociedade civil.
Organizações como a UNESCO, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e plataformas digitais como Google e Facebook mostraram apoio à iniciativa, descrita por alguns especialistas como "praticamente única no mundo", segundo a Observacom.
"Ninguém pode garantir que não haverá notícias falsas, o que pedimos aos partidos é que não as gerem nem promovam", disse Corbello, segundo um comunicado da APU.
Acompanhando este pacto, no âmbito da "Campanha Limpa de Notícias Falsas", também da APU, a organização espera capacitar jornalistas na luta contra as chamadas “fake news”, informou a Observacom. Representantes de Google, Twitter e Facebook, além de iniciativas de verificação de dados de países como Argentina e Brasil, vão apoiar esse treinamento, acrescentou a Observacom.
"Estamos interessados em que nossos colegas tenham ferramentas para discernir quando aparece uma notícia falsa e possam tirá-las rapidamente de circulação", disse Corbello à Radio Uruguay. "Precisamente a outra parte desta campanha tem a ver com apoiar mecanismos de verificação de notícias (...) que no Uruguai estão começando a se desenvolver com muita força, com a criação de um mecanismo de checagem de informações chamado verificado.uy."
A iniciativa é impulsionada pelo jornal la diaria, pelo semanário Búsqueda e pelo programa En perspectiva, além de universidades do país. "A ideia é que seja estabelecido para que continue trabalhando permanentemente, não apenas para temas políticos ou eleitorais", acrescentou Corbello.