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Jornalistas e cidadãos denunciam abusos de autoridade nas redes sociais com gravações de câmeras de celulares

As câmeras dos celulares se tornaram uma poderosa ferramenta de jornalistas e cidadãos para denunciar subornos e o uso excessivo da força pública. No México, os celulares passaram a ser também uma forma popular de divulgar nas redes sociais o abuso das autoridades, as tentativas de fraude eleitoral e as manifestações de cidadãos contra a polícia. No Brasil, são usadas para gravar imagens das arbitrariedades da polícia contra jornalistas e manifestantes em várias cidades.

Em muitas ocasiões, a resposta de policiais e outros agentes de segurança à ameaça das câmeras dos celulares é a prisão dos jornalistas e cidadãos que gravam as imagens. No México, um dos casos mais recentes foi o de Roberto Hernández, diretor do documentário Presunto Culpable, que foi preso na Cidade do México após gravar policiais que realizavam uma detenção abusiva.

Os jornalistas também acabam agredidos ao gravar operações de segurança ou a conduta inapropriada de funcionários públicos. Segundo a organização Artigo 19, as agressões das forças de segurança contra jornalistas revelam a falta de treinamento dos agentes com relação ao trato com a imprensa e por isso, esta organização publicou o documento Princípios gerais para a relação das Forças Armadas e de segurança pública com a imprensa.

No México, é comum que os agentes de segurança acusem cinegrafistas de "interferir no trabalho da segurança pública". Já nos Estados Unidos, vários estados proíbem que os cidadãos ou jornalistas gravem os policiais no exercício de seu trabalho sem prévio consentimento da autoridade e por isso, muitos acabam presos por acusações de espionagem. Em alguns casos, a Suprema Corte desse país julgou que a Primeira Emenda protege o direito de gravar a polícia pois “os policiais, cujo vencimento provém de recursos públicos, e que estão realizando tarefas de segurança pública em um espaço público não têm direito à privacidade”, segundo o Centro de Internet e Sociedade da Universidade de Stanford. Mas até agora, só em Oregon (no noroeste dos Estados Unidos) uma lee garante o direito dos cidadãos de gravar a polícia sem prévio consentimento.

Gravar a conduta de funcionários públicos, “pode servir para prevenir abusos ou deixar que permaneçam impunes”, afirma em seu blog Ricardo González, da organização Artigo 19 no México. Contudo, tanto jornalistas cidadãos como trabalhadores de meios de comunicação devem tomar algumas medidas para proteger a informação de seus celulares e precauções para evitar agressões durante a cobertura de protestos.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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