Álvaro Navarro está, há cinco meses, sentado cautelosamente em frente ao teclado de seu computador. Nunca, nem mesmo no início como repórter iniciante e depois como diretor do veículo de comunicação “Artículo 66”, ele teve que “cuidar tanto” de cada palavra digitada. Desde junho passado, a situação para ele e seus colegas nicaraguenses é de "alto risco", segundo o próprio.
— Estamos sob a ameaça de leis de crimes cibernéticos, agentes estrangeiros e traição. Qualquer um pode ser usado contra nós — disse o jornalista, que dirige uma das publicações de maior alcance no país centro-americano.
As três leis que ele menciona foram aprovadas pelo Governo de Daniel Ortega no final de 2020. Durante cinco meses, em meio ao fechamento total dos espaços democráticos na Nicarágua, com a liquidação das eleições gerais após a prisão de líderes da oposição, esses regulamentos são usados para silenciar vozes críticas. Principalmente a dos repórteres e suas fontes de informação. “Foi imposto um apagão de informações”, define Navarro."