*Esta nota foi atualizada.
Um jornalista haitiano foi atingido por um tiro enquanto a polícia disparava munição real durante um protesto popular em Porto Príncipe no dia 30 de setembro, conforme denunciou a rádio em que ele trabalha, Radio Sans Fin, reportou a Reuters.
Edmond Joseph Agénor, cinegrafista da Radio Sans Fin, cobria um protesto nos arredores do aeroporto da capital haitiana que acabou sendo palco de confrontos entre manifestantes e policiais, segundo o site Rezo Nòdwès. Um tiro acertou o pulso de Agénor, reportou o site.
Ele foi levado para um hospital para ser atendido logo depois e passaria por uma cirurgia, mas está fora de perigo, conforme disse Yvenert Fosheter Joseph, diretor-geral da Radio Sans Fin, ao site Rezo Nòdwès.
Joseph disse que vai recorrer à Justiça contra a violação dos direitos de Agénor e que, antes disso, vai apresentar uma queixa formal à Inspeção Geral da Polícia Nacional do Haiti (IGPNH). Ele disse ao site que a ideia é “sancionar a irresponsabilidade dos agentes da ordem na gestão de multidões”.
"A polícia usou munição real e Edmond Joseph Agénor foi atingido no braço direito. É ilegal e incomum recorrer a esse tipo de intervenção. Consideramos entrar com um pedido de sanção na IGPNH contra os policiais infratores. Também apresentaremos uma ação perante as instâncias judiciais por violação do direito da pessoa'', afirmou Joseph.
Em entrevista ao Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), Joseph disse que Agénor estava usando um crachá de imprensa, assim como um colete e um capacete de proteção, quando foi baleado.
Agénor é o segundo jornalista atingido por um tiro disparado por autoridades haitianas na última semana. No dia 23 de setembro, o fotojornalista Dieu Nalio Chery, da Associated Press, foi atingido de raspão por uma bala no rosto quando um senador disparou sua arma do lado de fora do Senado.
Outro jornalista da Radio Sans Fin, Pétion Rospide, foi baleado e morreu enquanto dirigia do trabalho para sua casa no dia 10 de junho, também em Porto Príncipe.
Segundo a Reuters, setores da população haitiana têm protestado contra a escassez de alimentos e de combustível, taxa de inflação que chega a dois dígitos e acusações de corrupção contra políticos do governo, e muitos têm pedido a renúncia do atual presidente, Jovenel Moise.
*Esta nota foi atualizada às 16:05 de 02/10/2019 para incluir informação do CPJ.