Por Janelle Matous*
O jornalismo segue sendo um dos trabalhos mais mal pagos no México, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Ocupação e Emprego de 2013.
O Instituto Mexicano para a Competitividade comparou a informação salarial recompilada pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografía (INEGI) no ano passado e encontrou que o jornalismo foi a quinta ocupação com pior salário no país. Em 2013, o salário médio para um jornalista era de 7.973 pesos por mês, ou aproximadamente 610 dólares.
O estudo é feito a cada trimestre e utiliza uma mostra da população em ciclos rotantes. As quatro ocupações que ficaram abaixo do jornalismo foram formação docente para o ensino de disciplinas (7.871 pesos ao mês, cerca de 600 dólares), formação docente para educação básica (7.218 pesos, cerca de 550 dólares), trabalho e atenção social (7.008 pesos, ou 537 dólares), e belas artes (6.114 pesos, ou 468 dólares).
Os salários para jornalistas mexicanos se mantiveram baixos durante os últimos anos de violência intensificada contra o jornalismo. De acordo com uma pesquisa feita pela Comissão Nacional dos Salários Mínimos de 2012, o salário mínimo para um jornalista de jornal era de 176 pesos diários, ou 13 dólares.
Em 2010, o representante mexicano do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) Mike O’Connor falou com Salomón Cruz Gallardo, o então secretário-geral da unidade local de um dos sindicatos jornalísticos nacionais do país. Pouco tempo depois da conversa, um de seus colegas foi assassinado. Durante a entrevista com O’Connor, Gallardo falou sobre os salários e condições de trabalho para jornalistas no México.
“É difícil ser otimista se você é um jornalista (no estado) de Guerrero. Primeiro, é provável que tenha múltiplos empregos, porque os trabalhos em jornalismo não pagam o suficiente”, disse Gallardo.
Ele disse que a maioria dos trabalhos não ofereciam benefícios ou proteção policial para ameaças a jornalistas pelo que escrevem.
“Não é lógico ser um jornalista aqui”, afirmou Gallardo. “E o faço porque amo, mas essa é a única razão que tenho. Se fosse inteligente faria outra coisa”.
Este mês, funcionários do governo mexicano admitiram que o Mecanismo para a Proteção de Jornalistas oficial tinha sido um “fracasso”. Prometeram que o organismo seria reestruturado.
Baixos salários e ameaças diretas estão entre as razões pelas quais o interesse no jornalismo vem diminuindo no México, disse Ariel Muñoz, presidente da Universidade de Morelia, em uma entrevista de 2012 com o Centro Knight.
“A situação da profissão piorou porque a gente sabe que é perigoso ser um jornalista e também porque não paga bem”, disse Muñoz.
A organização Artigo 19 documentou 330 casos separados de violência contra trabalhadores de imprensa durante 2013, incluindo quatro assassinatos.
*Janelle Matous, estudante na Universidade do Texas em Austin, contribuiu com esta nota.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.