Por Christina Noriega
Video de la ceremonia de entrega de premios de FOPEA.
O Fórum de Jornalismo Argentino (FOPEA) anunciou o lançamento de uma série anual de prêmios de jornalismo de investigação na Argentina em meio ao que a organização qualificou como um "clima insuportável de ameaça, perseguições e más condições de trabalho que pesa sobre a profissão".
No 9º Congresso Anual de Jornalismo celebrado em 9 de novembro, o presidente de FOPEA Fabio Ladetto anunciou os ganhadores dos primeiros prêmios para o jornalismo investigativo, divididos em quatro categorias: imprensa escrita nacional, imprensa escrita local, meios audiovisuais e jornalismo estudantil.
A lista de ganhadores inclui Matias Longoni, que trabalha no jornal argentino Clarín, na categoria imprensa nacional, Isabel Carrera da revista digital Antena Misiones, a equipe jornalística do programa televisivo Jornalismo Para Todos na categoria de jornalismo audiovisual, e na categoria de estudantes, a ganhadora foi Rita Lucca, da Universidade de Belgrano.
A associação de jornalismo FOPEA oferece há mais de 10 anos relatórios, estudos e alertas sobre a liberdade de expressão e as normas de jornalismo na Argentina. Agora, e graças ao patrocínio do grupo de seguros de saúde Swiss Medical, a organização iniciou essa série de prêmios destinada a promover o trabalho jornalístico que gere "uma maior transparência pública".
Em um comunicado, FOPEA disse que estes prêmios buscam diminuir o que consideram práticas jornalísticas questionáveis, como o plágio de comunicados de imprensa, reportagens baseados em uma só fonte, e o conteúdo que se publica sem comprovação irrefutável dos fatos. Durante a entrega dos prêmios, Fábio Ladetto, presidente do FOPEA, aproveitou a oportunidade para falar dos desafios enfrentados pelos jornalistas na Argentina.
"Os jornalistas sofrem assédio físico e psicológico de quem os quer silenciar", disse Ladetto. "Ultimamente têm que enfrentar demandas e processos judiciais. Estamos vendo um número crescente de casos de censura e autocensura".
Segundo um informe de 2013 de Freedom House, o acesso limitado dos meios privados às coletivas de imprensa presidenciais, a inexistente liberdade federal das leis de informação, as diretrizes restritivas com relação à publicidade oficial, tiveram o efeito de sufocar o exercício do jornalismo na Argentina.
Além disso, a autocensura da imprensa e o assédio aos seus profissionais continua sendo uma das maiores preocupações para os jornalistas argentinos, de acordo com um estudo de 2014 financiado pelo FOPEA.
Ladetto disse que apesar dos desafios, acredita que o jornalismo de investigação tem futuro na Argentina.
“Os jornalistas ganhadores são a prova de que o jornalismo investigativo está vivo, resistindo e crescendo", afirmou Ladetto.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.