texas-moody

Latino-americanos podem ganhar bolsas de viagem para workshop no Brasil sobre jornalismo e políticas de internet

Jornalistas de países da América Latina podem se inscrever até 3 de fevereiro para participar de um workshop em São Paulo de duas semanas sobre jornalismo e políticas de internet. O InternetLab, que organiza o curso intensivo, oferece bolsas de viagem para cobrir os custos com passagem e hospedagem para os jornalistas selecionados.

Com o nome "Para contar as histórias do futuro: Jornalismo e Políticas de Internet", o curso da Escola InternetLab será realizado entre 2 e 14 de abril, com programação integral. O objetivo é formar jornalistas interessados em cobrir políticas de internet para incentivar a produção de matérias sobre tecnologia e liberdade de expressão, privacidade, vigilância, entre outros temas.

Segundo um dos diretores do InternetLab, Francisco Brito Cruz, a cobertura especializada costuma focar em inovações, mas retrata menos os conflitos políticos, sociais e econômicos que emergem das novas tecnologias. Para ele, que é doutorando e pesquisador da área de Direito, há uma percepção errada de que o tema é técnico demais para o público comum.

"Há muitas histórias que não aparecem nos noticiários, mas são interessantes para as pessoas perceberem como questões de políticas de internet tocam no cotidiano delas. Claro que há notícias sobre as leis e decisões judiciais, mas a ideia é aprofundar essa cobertura e pensar em quais narrativas não estão sendo contadas e quais técnicas podem ser usadas para isso", afirmou ele ao Centro Knight.

A Escola InternetLab vai trazer dez jornalistas de países da América Latina e dez do Brasil para se reunir no programa intensivo em São Paulo. Os organizadores buscam jornalistas já formados e que tenham interesse ou experiência na cobertura de tecnologia. Não é preciso ser funcionário de alguma empresa de comunicação. "As pessoas podem trabalhar em blogs, jornais, TV... Queremos formar um grupo diversificado", diz Cruz.

O curso inclui uma parte de formação teórica, com os integrantes do InternetLab – um centro brasileiro e interdisciplinar de pesquisas, voltado para o fomento do debate público sobre direito e tecnologia, especialmente políticas de internet.

A formação teórica vai tratar de temas de liberdade de expressão na rede, como a remoção de conteúdo, ações de indenização e identificação e perseguição de usuários. Vai abordar também assuntos de privacidade, como vigilância estatal, cibersegurança e ciberguerra. O treinamento ainda vai discutir questões ligadas a direitos sociais e violência, como a disseminação não consensual de imagens íntimas (revenge porn) e discriminação de forma automatizada por algoritmos.

A segunda parte do curso vai debater formas criativas de contar essas histórias e ferramentas para jornalistas, além de mostrar como os repórteres podem usar bancos de dados, lidar com vazamentos e leaks e fazer fact-checking. Os organizadores também convidaram jornalistas internacionais para participar do curso, que vão apresentar exemplos de narrativas investigativas.

"Esses repórteres, que já fizeram matérias interessantes e foram fundo no tema, vão desconstruir as pautas e dissecar o seu trabalho para dar ideias, trazer referências e inspirar os jornalistas participantes. A Kim Zetter, da Wired, que foi premiada por uma série de matérias sobre o sistema eleitoral eletrônico, já está confirmada", afirma Cruz. Outros convidados são Julia Angwin (ProPublica), Greg Barber (The Washington Post) e Andrei Soldatov (The Guardian).

O programa conta também com workshops técnicos, ministrados por engenheiros. "Vamos ter ainda uma oficina de jornalismo de dados, voltada para política de internet, com o pessoal da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo", afirma Cruz.

Além disso, o curso vai debater como trabalhar com big data, as consequências do efeito bolha na divulgação de notícias, como entender a participação dos leitores (curtidas, comentários, e compartilhamentos) e o uso de ferramentas de segurança para jornalistas (criptografia de dispositivos, bases de dados seguras, proteção e armazenamento dos dados coletados).

As convocatórias para as vagas do curso estão disponíveis em portuguêsinglês e espanhol.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes