Os vencedores latino-americanos do Data Journalism Awards de 2018 aproveitaram o poder do big data para informar sobre um submarino argentino desaparecido, homicídios em Caracas e vítimas de violência no Brasil.
Projetos de La Nación, da Argentina, RunRun.es, da Venezuela, e G1, do Brasil, estão entre os 13 vencedores dos prêmios internacionais anunciados pela Global Editors Network em 31 de maio na GEN Summit em Lisboa, Portugal. E a jornalista Yudivian Almeida, do Postdata.club, de Cuba, recebeu uma menção honrosa na categoria “Melhor portfólio individual”.
“A operação de busca do submarino Ara San Juan”, pela Equipe de Dados do jornal argentino La Nación, incluindo os jornalistas Giselle Ferro, Alejandro Bogado, Manuel Saratella e a líder do projeto, Carolina Ávila, ganhou o prêmio “Chartbeat pelo melhor uso dos dados em uma notícia de última hora, dentro das primeiras 36 horas.”
O projeto vencedor cobriu o desaparecimento de um submarino argentino. A equipe usou dados e geolocalização para encontrar navios que viajavam na área de buscas, o que acrescentou recursos visuais e contexto para uma ampla cobertura do evento, de acordo com a descrição do projeto disponível no site do Data Journalism Awards.
"O que 'La Nación’ fez com sua cobertura ao vivo da busca por um submarino perdido é um artefato do jornalismo futuro", disse o júri. “Seu uso de dados de tráfego marítimo em um contexto de notícias de última hora foi uma grande ideia que sinaliza uma nova onda de jornalismo baseada em imagens de satélite, sensores e outros novos tipos de observação direta.”
O projeto Monitor de Vitimas, da Venezuela, venceu por “Melhor equipe pequena de jornalismo de dados”. O projeto coleta e analisa dados de homicídios em Caracas, onde é difícil obter dados oficiais sobre o assunto. O site RunRun.es realiza o projeto com Caracas Mi Convive, em aliança com El Pitazo, El Universal, Efeito Cocuyo, Cronica.Uno e El Cooperante.
“O projeto de resgatar a memória dos desaparecidos em Caracas, uma das cidades mais perigosas do mundo, mostrou um uso impressionante de dados abertos e apuração no terreno”, disse o júri. “A equipe teve que extrair informações de autoridades relutantes para documentar mais de 1.100 mortes na cidade e disponibilizá-las para seus leitores.”
E no Brasil, o “Monitor da Violência” ganhou o “prêmio Microsoft por escolha do público” por um projeto similar. Quase 5.500 pessoas votaram neste prêmio, de acordo com o site da premiação. Para o projeto, o portal de notícias G1 registrou todas as mortes violentas no país durante uma semana: 1.195. Mais de 230 jornalistas colaboraram nas histórias produzidas como parte deste projeto.
O “Monitor da Violência” é uma colaboração entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Um prêmio de menção honrosa para “Melhor portfólio individual” foi para o jornalista Yudivian Almeida, do Postdata.club, em Cuba.
"O sr. Almeida e seus colegas do Postdata.club conseguiram contornar a escassez de dados cubanos e usá-la em seu benefício ”, disse o júri. “O trabalho deles é um exemplo impressionante de como os conjuntos de dados gerados além das fronteiras do país podem ser usados para expor problemas nacionais. Este é um excelente jornalismo de dados transfronteiriço.”
Os 13 vencedores foram selecionados entre 86 finalistas e a Global Editors Network recebeu mais de 630 inscrições de 58 países. A competição recebe apoio da Google News Initiative, da Fundação John S. e James L. Knight, da Microsoft e do Chartbeat.
Paul Steiger, da ProPublica, presidiu o júri de 18 membros que escolheu os vencedores.
Os projetos latino-americanos que ficaram na lista final de competidores pelos prêmios deste ano incluem:
Os vencedores do ano passado da América Latina incluíram Rutas del Conflicto, da Colômbia, e Ctrl + X, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.