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Reportagem produzida em curso de Jornalismo de Soluções do Centro Knight ajuda iniciativas de conservação na Colômbia

O biólogo conservacionista James Hall é um recém-chegado ao jornalismo, e ainda mais ao movimento do jornalismo de soluções. Isso não impediu, no entanto, que uma de suas últimas matérias sobre os esforços de conservação na Colômbia gerasse um impacto real sobre o tema abordado e sobre a comunidade de pesquisa em seu país.

A bear looks away from the camera

Imagens do urso andino. (Cortesia Techo de Agua)

Depois de fazer um curso sobre jornalismo de soluções no Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, Hall adotou a abordagem em uma matéria que escreveu para o site de jornalismo ambiental Mongabay. A reportagem, que teve como foco os esforços de conservação de uma pequena ONG na Colômbia chamada Techo de Agua (Teto de Água), gerou uma aliança entre a ONG e pesquisadores locais, com o objetivo de encontrar soluções reais para os esforços de conservação.

“Esta aliança permite que as nossas pesquisas e metodologias para a conservação e a gestão de conflitos entre a vida selvagem e as comunidades humanas sejam reconhecidas como produtos de interesse científico, acadêmico e prático”, disse Mayra Natalia Parra Salazar, diretora geral da ONG, ao Centro Knight.

Segundo ela, um professor universitário que dirige um grupo de pesquisa a contatou para formar uma aliança após ler a matéria de Hall.

A reportagem explicava como a Techo de Agua funciona para mitigar conflitos entre humanos e animais selvagens, como o urso de óculos ou a águia preta e castanha. A equipe visita centros comunitários e escolas para explicar o papel da vida selvagem no ecossistema da área e também recruta moradores de comunidades locais para os esforços de conservação.

Publicada originalmente pela Mongabay em inglês em junho, a matéria foi posteriormente republicada em espanhol, permitindo maior alcance. O professor do curso, Hugo Balta, elogiou-a como um “artigo instigante” e o editor do Mongabay Jeremy Hance também exaltou os esforços de Hall.

“Acho que James fez um trabalho fabuloso ao investigar um programa de pequena escala que está realmente fazendo a diferença para algumas espécies encantadoras e ameaçadas de extinção na Colômbia”, disse Hance ao Centro Knight. “Ele fez isso de uma forma que considero mais envolvente: contando as histórias das pessoas envolvidas, tanto os conservacionistas quanto os moradores da região. Também fez um excelente trabalho ao destacar como algumas pessoas podem realmente fazer a diferença na mudança de atitudes em relação à vida selvagem, por vezes problemática”.

Parra Salazar disse que o artigo foi de grande importância para a sua pequena organização sem fins lucrativos, especialmente num país como a Colômbia, onde “os recursos são escassos, há pouco reconhecimento e as pessoas, em geral, sentem muita desconfiança”.

“O fato de nossa história ter sido divulgada em muitos lugares graças ao artigo de James Hall permitiu que nossas ações tivessem maior credibilidade”, acrescentou. “Ainda precisamos ganhar mais reconhecimento para conseguir uma ajuda financeira importante, mas aquela publicação foi um grande primeiro passo para levantar o ânimo da nossa equipe e nos tornarmos conhecidos como uma organização séria e comprometida, que realmente faz e quer continuar fazendo as coisas bem”.

Um aprendizado muito útil

Quando não está trabalhando para proteger o sagui-da-serra-escuro na Mata Atlântica como coordenador voluntário de pesquisa do Programa de Conservação do Sagui-da-Montanha, ou ensinando inglês em São Paulo, Hall se dedica ao seu mais novo empreendimento no jornalismo.

Antes de se inscrever no curso do Centro Knight, patrocinado pela Rede de Jornalismo de Soluções (Solutions Journalism Network, ou SJN na sigla em inglês), ele leu sobre o movimento do jornalismo de soluções e então se sentiu inspirado para saber mais.

“A meu ver, há uma clara necessidade de explorar alternativas ao atual foco nas reportagens baseadas em problemas, que resultaram em um ecossistema midiático com todo o tipo de consequências sociais danosas, desde o cansaço com as notícias e o desinteresse público até preconceitos”, disse Hall ao Centro Knight.

O jornalismo de soluções concentra-se em como as pessoas estão tentando resolver os grandes problemas do mundo, de acordo com a SJN, que foi fundada em 2013 e promove a prática globalmente.

Hall entrou no jornalismo escrevendo para o site de viagens Atlas Obscura e eventualmente passou a publicar artigos sob encomenda sobre animais como a jararaca-ilhoa, nativa da Ilha das Cobras no Brasil.

“Tenho sido um leitor voraz ,e consumo e aprendo muitas coisas de forma indutiva”, disse Hall. “Ainda é uma enorme curva de aprendizado para mim. Cada vez que escrevo algo, é como se estivesse aprendendo algo novo. É um pouco intimidante em alguns aspectos, mas estou apenas tentando conhecer as coisas e aprender no trabalho”.

De maio a junho de 2023, Hall se matriculou no curso do Centro Knight e aprendeu como incorporar uma abordagem de jornalismo de soluções em suas reportagens.

Esse curso online aberto e massivo (MOOC) foi ministrado por Hugo Balta, proprietário e editor da Latino News Network e instrutor credenciado de jornalismo de soluções. O curso traiu mais de 2.300 participantes de 137 países e agora está disponível como um curso autodirigido que pode ser tomado a qualquer momento.

A black and white marmoset sits atop a tree

Hall também é um coordenador de pesquisa voluntário que trabalha para proteger o sagui-da-serra-escuro. (Cortesia James Hall)

“Sinto que meu estilo de aprendizagem é mais adequado para cursos online abertos e massivos”, disse Hall, destacando a flexibilidade do curso, os questionários semanais interessantes e o material do curso sucinto e gerenciável.

Ele disse que o curso foi um “ponto de virada” para ele.

“Foi a primeira vez que fiz um curso de jornalismo. Eu queria fazer jornalismo de soluções, mas simplesmente não tinha a estrutura conceitual”, disse Hall. “Depois que tive essa estrutura, tudo meio que se encaixou”.

Hall vê o jornalismo de soluções como necessário e como “o movimento que o jornalismo precisa”.

“Acho que houve muitos danos ao ecossistema da mídia por meio dessa tendência à negatividade”, disse ele. “Também acho o jornalismo de soluções realmente emocionante. É novo, é diferente, está causando ondas, e acho que é assim que as coisas precisam seguir, tanto em termos de cobertura de questões sociais como, definitivamente, em conservação”.

Para ele, ter o artigo divulgado em cidades e vilarejos da Colômbia e amplificar suas vozes é “a coisa mais gratificante do mundo”.

“Sempre achei que a ideia de causar impacto é sempre emocionante e só espero continuar fazendo isso e contando essas histórias”, disse Hall. “Outra coisa que me entusiasma é contar histórias que as pessoas não contaram antes”.

Hall disse que tem mais artigos em andamento e planeja fazer mais cursos no Centro Knight no futuro. Durante o curso de jornalismo de soluções, ele também conheceu colegas na Venezuela com quem está conversando sobre possíveis colaborações futuras.

Você pode encontrar a versão autodirigida do curso “Jornalismo de soluções: novas formas de melhorar suas reportagens e engajar o público”, ministrado pelo professor Hugo Balta, no site JournalismCourses.org. E se você tiver uma história para compartilhar sobre como o programa de ensino online do Centro Knight impactou a sua carreira, envie um e-mail para  journalismcourses@austin.utexas.edu.

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