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Blogueira Yoani Sánchez é presa poucas horas após ser nomeada delegada de liberdade de imprensa em Cuba

Por Alejandro Martínez

Atualização: Sánchez foi solta na manhã de quinta-feira. "Volto a caminhar pelas ruas de Havana, depois de ficar presa por várias horas. Estou bem! Obrigada pela apoio!", escreveu Sánchez em sua conta no Twitter.

Segundo o jornal Miami Herald, muitos dos dissidentes que protestavam contra a prisão de ativistas e acabaram detidos juntos com Sánchez continuam atrás das grades.

Original: Poucas horas depois da Sociedade Interamericana de Imprensa ter nomeado a reconhecida blogueira Yoani Sánchez como sua nova delegada para a liberdade de expressão em Cuba, a agência EFE e outros meios noticiaram que a jornalista foi detida nesta quinta-feira, 8 de novembro, com cerca de vinte dissidentes.

Sánchez, o ativista Guillermo Fariñas e outros vários ativistas foram presos como parte de uma série de prisões políticas que começaram na quarta-feira, informou a agência. Segundo sua última comunicação por Twitter, Sánchez se dirigia a uma delegacia de polícia na capital para indagar sobre a prisão de outros opositores.

Yohandry Fontana, que Havana Times identificou como próximo ao governo do presidente Raúl Castro, confirmou a detenção de Sánchez e escreveu que a jornalista continuava detida na tarde desta quinta.

Esta é a segunda vez que Sánchez é presa nos últimos dois meses. Sánchez foi detida em 4 de outubro quando ia cobrir o julgamento do político espanhol Ángel Carromero, acusado de homicídio culposo pela morte de dois dissidentes cubanos em um acidente automobilístico. Permaneceu presa por 30 horas.

Poucas horas antes de vir a público a prisão de Sánchez, a SIP anunciou a nomeação dos novos integrantes em cada país latino-americano de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. A blogueira foi designada como a nueva vice-presidente regional em Cuba.

Como delegada da comissão – considerada a pedra angular da SIP – Sánchez estará encarregada de documentar e escrever relatórios sobre os abusos contra a liberdade de expressão em seu país, informou a organização jornalística.

Em uma entrevista gravada pelo diário equatoriano Hoy, Sánchez disse que aceitou a posição “não só para exercer a função de olhos da Comissão de Liberdade de Imprensa em Cuba, mas para abrir caminho para ter uma imprensa que se respeite legal, profissional e eticamente”.

“Gosto também que os relatórios sejam feitos de dentro de Cuba porque é uma realidade muito específica. Há detalhes muito peculiares que às vezes, quando são observados de fora, não são captados em toda sua dimensão e profundidade”, disse.

Sánchez é fundadora do blog Generación Y, que divide relatos e experiências diárias na ilha. A jornalista mantém uma relação tensa com o governo cubano, que negou visto para deixá-la sair do país 20 vezes nos últimos cinco anos. A revista britânica The Economist a classificou como a “dissidente mais problemática da ilha”. Também salientou que a cláusula da nova lei de imigração cubana que continua proibindo a saída do país de inimigos do partido comunista está dirigida a ela.

Sánchez comentou que solicitará um visto novamente quando a lei entrar em vigor em janeiro e antecipou que o novo cargo lhe traria novos problemas – e evitaria outros – com o governo.

“Claro que vai me trazer muitos problemas, vai atrair críticas, pressões, mais calúnias e difamações na imprensa oficial, o que aqui chamamos processos de fuzilamento midiático ou linchamento público. Mas por outro lado, pertencer à SIP e estar em uma comissão tão sensível como esta vai ser uma proteção, de modo que, nessa dinâmica, por um lado (estão) os problemas que vou ganhar e por outro, os problemas que vou evitar”, disse.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.