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Correa rasga jornais equatorianos e ameaça aplicar a Lei de Meios por cobertura de campanha contra Chevron

Como já havia feito em ocasiões anteriores, o presidente do Equador, Rafael Correa, rasgou os exemplares de três jornais de seu país em sua transmissão em cadeia nacional. Desta vez, além de utilizar adjetivos como “imprensa corrupta” ou “sem bandeira e sem escrúpulos”, advertiu os veículos que a aplicação da Lei Orgânica de Comunicação, LOC, os obriga a “publicar as notas de interesse público”, informou a ONG Equatoriana Fundamedios.

O mal-estar do mandatário em seu programa do dia 21 de setembro teve a ver – entre outros temas – com a cobertura que jornais como HoyEl Comercio e La Hora realizaram de sua campanha “As mãos sujas da Chevron”, que diz respeito ao processo legal que o Equador mantém contra a petroleira por dano ambiental na Amazônia.

Para o presidente Correa, apesar da campanha ter dado “a volta ao mundo”, o jornal Hoy só publicou “um quadrinho”. “Isso se chama censura prévia, manipulação, porque são notícias claramente de interesse nacional e [os jornais] têm a obrigação de apresentar, mas como são negócios privados acham que podem decidir o que apresentar e o que não”, acrescentou o presidente.

Na mesma linha, Correa criticou a nota do jornal El Comercio intitulada “Decisão do Tribunal de Haya absolve Chevron”, que segundo ele se baseou apenas em um release da petroleira. “É preciso aplicar a Lei de Comunicação para que, nas mesmas oito colunas da notícia, a imprensa corrupta do país corrija esta mentira”, e após outras acusações, rasgou o exemplar enquanto dizia “nem para amadurecer abacates!”

De maneira similar, se referiu a outra nota publicada por Hoy e uma do diário La Hora e rasgou seus exemplares.

“Esta é a imprensa que devemos enfrentar. Estes são piores que o diário El Universo que se acalmou depois da aprovação da lei de Comunicação e desde que ganhamos a ação judicial contra eles e assim aprenderam uma lição. O pior de todos é o La Hora, este pasquim é um insulto, nem o jornal Hoy o alcança”, disse o Presidente, segundo a Fundamedios. “Liberdade de expressão também é rasgar jornais, assim como disse que fazer um sinal de rechaço com o dedo do meio é liberdade de expressão. Eu rasgo jornais em protesto contra a manipulação dessa imprensa corrupta. Agora o choro da CIDH", acrescentou.

Esta é a quinta vez que o presidente Correa rasga diários durante suas transmissões. Nas outras vezes, os exemplares rasgados foram dos jornais La Hora e El Universo, de acordo com a Fundamedios.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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