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Dez meios nativos digitais da América Latina são selecionados para novo programa de mentoria e financiamento

Cobrir temas em desertos de informação ou trabalhar com comunidades tornadas invisíveis. Essas foram algumas das propostas que marcaram os meios de comunicação selecionados para um programa de mentoria muito competitivo.

O objetivo é fortalecer a estrutura e diversificar o modelo de negócio de dez jovens meios nativos digitais da América Latina para que se tornem autossustentáveis. É disso que se trata o GNI Startups Lab Hispanoamérica, criado e lançado em meados de 2021 pela organização jornalística SembraMedia, com o apoio da  Google News Initiative.

GNI-Sembramedia

Meios digitais da América Latina, vencedores do GNI Startups Lab Hispanoamérica. (Captura de tela)

Selecionados entre 350 candidatos de 18 países de língua espanhola, os dez meios de comunicação vencedores são vispa Midia, Conexión Migrante, Verificado.MX e Escenario Tlaxcala, do México; Ciencia del Sur, do Paraguai; Feminacida, da Argentina; La Vida de Nos, da Venezuela; No Ficción, da Guatemala; Revista Muy Waso, da Bolívia; e Wambra, do Equador.

"Os meios escolhidos trabalham com comunidades que não estão representadas na agenda diária da imprensa em cada país e, assim, surge o objetivo principal desse programa, que é fortalecer a criação de novas vozes na mídia na América Latina", disse Florencia Aza à LatAm Journalism Review (LJR)

Desde o início, Aza, diretora de projetos da SembraMedia e coordenadora do programa, destacou que o acelerador de meios faz uma avaliação transversal da organização para estabelecer objetivos mensuráveis ​​e concretos e traçar um plano de ação que auxilie na sua monetização.

Os vencedores desta primeira edição do programa vão receber apoio durante seis meses da equipe de consultores da SembraMedia, que vão acompanhar o plano estratégico traçado para cada um, recebendo feedback e medindo o seu impacto ao longo do tempo para tomar decisões estratégicas, explicou Mijal Iastrebner, CEO e cofundador da Sembramedia, à LJR. O veículo selecionado também contará com consultorias especializadas para cada uma de suas áreas de atuação.

Além dos seis meses de mentoria, o programa de aceleração vai oferecer entre US$ 10 mil e US$ 30 mil em financiamentos aos vencedores.

Segundo Aza e Iastrebner, o processo de seleção dos veículos vencedores não foi fácil, porque o ecossistema de meios nativos digitais da região é de alta qualidade e possui diversidade de propostas.

“Continuar a fortalecer o ecossistema e contribuir para tornar meios jovens mais sustentáveis: esses são alguns dos objetivos do Startups Lab. Acreditamos que a orientação de especialistas em suas áreas, somada à expertise da SembraMedia e da sua rede será de grande ajuda para ampliar a missão que cada um desses meios de comunicação tem em suas diferentes regiões”, disse Juan Manuel Lucero, News Lab Lead Hispanoamérica, no comunicado de imprensa que anunciou os vencedores no início de setembro.

Expectativas de aceleração

A LJR recolheu comentários de alguns dos vencedores, que falaram das suas expectativas em relação aos resultados do programa em seus veículos.

“Queremos crescer para chegar a mais migrantes, expandir nossas operações na América Latina, onde existe uma grande necessidade de informações úteis e de qualidade para a grande comunidade de migrantes da região”, disse Patricia Mercado Sánchez, fundadora e diretora geral da Conexión Migrante, do México, à LJR.

Para Mercado e sua equipe, o prêmio tem um duplo significado: a de que sua empresa está dando “passos firmes” nas suas estratégias e no trabalho com a sua audiência. Nesse sentido, eles vão buscar fortalecer sua área comercial e administrativa com a mentoria.

Desde que foi fundado em 2016, Conexión Migrante presta serviços e faz jornalismo de soluções, oferecendo ferramentas e assessoria às populações migrantes carentes, principalmente aos migrantes do México e de outros países latino-americanos que vivem nos Estados Unidos.

Também do México, Avispa Midia, vê a conquista do prêmio como uma oportunidade de fortalecer seus planos estratégicos de forma a continuar abordando os diversos temas que cobre.

“Ao final deste programa, esperamos ter fortalecido as fundações da nossa autossuficiência financeira e levar nossa produção jornalística a uma nova escala, especialmente temas investigativos e formatos multimídia”, disse Aldo Santiago, editor da Avispa Midia, à LJR.

A Avispa Midia é um coletivo formado por comunicadores e investigadores independentes que enfatizam a fotografia, a reportagem investigativa e os documentários.

Da Bolívia, Muy Waso busca consolidar seu projeto jornalístico como algo abrangente, de qualidade, independente e autossustentável. A equipe se sente reconhecida por ter sido selecionada pelo programa acelerador, apesar de ter sido fundada há apenas três anos.

“Vamos aproveitar todas as ferramentas que conseguirmos obter do programa para continuar criando e testando mecanismos de sustentabilidade adaptados ao mercado boliviano”, disse à LJR Michelle Nogales, cofundadora e diretora geral da Muy Waso. “No nosso país, o trabalho jornalístico é muito precário, por isso nosso principal objetivo é nos tornarmos sustentáveis no longo prazo e oferecer uma remuneração justa em relação ao talento dos nossos colegas”.

A equipe faz jornalismo narrativo, de dados, investigativo e de opinião, com enfoque social e feminista.

Na Argentina, Feminacida, um coletivo autogestionado que nasceu em 2018 para fazer jornalismo com uma perspectiva feminista, considera que ser escolhido é um reconhecimento da necessidade de mais meios feministas liderados por mulheres e pessoas da comunidade LGBTQ+.

Da mesma forma, “isso implica um salto profissional muito grande, poder contar com o conselho tático de especialistas e com mais recursos para o desenvolvimento do meio de comunicação”, disse Solana Camaño, editora e coordenadora de projetos educacionais de Feminacida, à LJR.

“Quando o programa terminar, esperamos estar mais direcionados para um desenvolvimento sustentável de longo prazo do nosso projeto, com novas ambições, ferramentas, recursos e estratégias para levar o jornalismo feminista para a transformação social em que acreditamos”, disse ela.

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