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Documentário discute violência na fronteira entre EUA e México com história de repórter do combativo semanário Zeta

Por Zach Dyer

Em 2009, Bernardo Ruiz conheceu o repórter Sergio Haro em uma filial da cafeteria Starbucks na cidade de Mexicali, na fronteira entre Estados Unidos e México. Ruiz procurava um jornalista que o ajudasse a contar uma história mais completa sobre a região e encontrou Haro, um veterano repórter do semanário mexicano Zeta e natural de Mexicali.

“Era para termos um encontro breve, que se tornou uma conversa de três horas”, contou Ruiz ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. “Saí da reunião achando que as histórias dele e da publicação eram mais urgentes do que qualquer coisa que eu havia originalmente imaginado”.

A conversa em Mexicali seria o ponto de partida do documentário “Reportero,” que será exibido pela PBS, no POV, no dia 7 de janeiro. Clique aqui para mais informações.

Entre setembro de 2010 e janeiro de 2012, Ruiz e sua equipe acompanharam Haro e outros profissionais do Zeta. O filme mostra a luta por liberdade de expressão no México desde o governo do PRI, a "ditadura perfeita" que que reconquistou a presidência do país em 2012, à brutal violência do tráfico. “Estou feliz de ter decidido focar em uma publicação regional”, disse Ruiz. “Pequenos jornais regionais são as linhas de frente da violência contra os jornalistas”

O Centro Knight conversou com Ruiz sobre a produção do filme, as filmagens no México e a recepção ao documentário.

Haro começou no jornalismo como fotógrafo e virou funcionário do Zeta em 1987.
Fundado em 1980 por Jesús Blancornelas e Héctor Félix Miranda, o Zeta é conhecido por seu estilo agressivo e por seu trabalho investigativo. Atualmente comandada pela editora Adela Navarro, que figura entre os "100 Pensadores Globais" da revista Foreign Policy, a publicação se recusa a adotar a autocensura em relação à violência e ao tráfico de drogas.

Ruiz contou que a “visão caleidoscópica” que Haro tem da região a partir de sua experiência, sua integridade como jornalista e seu senso de humor são o "coração e a alma" do filme, que transita entre as histórias do jornalista, do semanário e da própria região em que ele atua.

Navarro diz no filme que o Zeta perdeu muitos repórteres desde sua criação, há 33 anos. Após uma tentativa de assassinato contra Blancornelas, em 1997, Héctor Félix Miranda e o editor Francisco Ortiz acabaram mortos, em 1998 e 2004, respectivamente. "Publicamos o que queremos", diz Navarro. "Mas sofremos as consequencias."

O próprio Haro recebeu ameaças de morte e precisou de proteção depois de criticar a libertação do suspeito de assassinar um amigo, um dos fundadores do jornal Siete Días, Benjamín Flores. Ele também precisou mandar o filho e a mulher para longe de casa.

"Isso te deixa com raiva", diz a mulher de Haro no filme. "Não se pode nem falar?"

Quando o filme começou a ser exibido no México, Ruiz disse ter ficado mais nervoso com a recepção em Tijuana, onde boa parte do documentário foi rodada. Após a exibição na cidade, uma mulher se aproximou de Ruiz e disse viver a algumas quadras do local onde tentaram matar Blancornelas em 1997. Ela contou estar lavando louças quando ouviu os tiros. Ela admitiu não ter ligado para a polícia.

“Ela disse que não sabia o que havia acontecido naquele dia até ver ‘Reportero,’” contou Ruiz.

Ruiz disse ainda que Haro publicou uma coleção de suas reportagens na fronteira, chamada "¡No se olviden de nosostros!"

Apenas em 2012, sete jornalistas foram assassinados no México, o terceiro país mais perigoso do mundo para os repórteres, atrás apenas da Somália e da Síria, segundo o International Press Institute. De acordo com a Artigo, 71 jornalistas foram mortos no país nos 12 últimos anos e 17 desapareceram.

Clique aqui para um mapa sobre a violência na região feito pelo Centro Knight.

Leia a íntegra deste texto aqui (em inglês).

Watch Reportero - Trailer on PBS. See more from POV.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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