Em uma tentativa de livrar o jornal de um processo milionário movido pelo presidente de Ecuador, Rafael Correa, após a publicação de um texto de sua autoria, Emilio Palacio renunciou ao cargo de editor de opinião do El Universo, informou o Terra. A decisão foi divulgada no domingo 10 de julho de 2011.
Em carta, ele se diz totalmente responsável pelo editorial que irritou Correa e levou o presidente a pedir uma indenização de 80 milhões de dólares ao jornal, por difamação, em março. O mandatário também pede a prisão dos diretores da publicação, além da de Palacio.
"Espero que, com a renúncia, o presidente retire a queixa contra o El Universo e contra os senhores Carlos, César e Nicolás Pérez”, diretores do jornal, disse Palacio, segundo o Infobae.
Em junho, o secretário de Comunicação da Presidência, Fernando Alvarado, havia dito que o processo poderia ser interrompido caso os diretores do El Universo e o próprio Palacio se retratassem. Em fevereiro, no editorial "NÃO às mentiras", o presidente foi acusado de ter ordenado que agentes de seguranças atirasse "à vontade" contra um hospital durante uma rebelião policial em setembro de 2010. “Para que o processo seja anulado, basta que os jornalistas e os diretores reconheçam que faltaram com a verdade no artigo", afirmou Alvarado.
No entanto o advogado de Correa já avisou que a renúncia de Palacio não interromperá o processo, de acordo com o El Comercio. “Não temos uma versão oficial da suposta renúncia, mas está claro é que ela não afeta em nada o processo”, disse Alembert Vera.
Rafael Correa mantém uma tensa relação com os meios de comunicação e chama a imprensa do país de "corrupta". Em fevereiro, o presidente também abriu um processo contra jornalistas autores de um livro sobre supostas irregularidades em contratos do governo. Embora organizações de defesa da liberdade de expressão tenham pedido a Correa que retirasse as queixas, o mandatário não parece disposto a fazê-lo.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
