Acompanhada dos seus filhos, amigos e simpatizantes, Verónica Saráuz, esposa do jornalista equatoriano Fernando Villavicencio, certificou diante da Unidade Judicial Civil de Quito o pagamento de US$ 47.306 como indenização para Rafael Correa.
O julgamento que decidiu pelo pagamento da reparação a Correa começou em 2011 quando o presidente entrou com um processo contra Villavicencio, o ex-deputado Cléver Jiménez e o médico Carlos Figueroa por injúria. Na época, os três acusados denunciaram Correa de ter cometido crimes contra a humanidade, por supostamente ter ordenado a incursão armada no Hospital de la Policía, durante a revolta policial de 30 de setembro de 2010, segundo Fundamedios.
Tanto Villavicencio, como Jiménez e Figueroa receberam ainda uma sentença de 18 meses de prisão. Mas, em agosto de 2014, um tribunal diminuiu a condenação para 12 meses. Figueroa cumpriu a sua sentença, mas Villavicencio e Jiménez se refugiaram na Amazônia até prescrever o tempo de prisão, em março de 2015, informou El Comercio.
Assim, em 17 de maio de 2015, o juiz Edwin Ceballos ratificou o pagamento de US$141.000 a Correa, dividido entre os três acusados, publicou El Comercio.
Para que os seus bens não fossem tomados, a família de Villavicencio conseguiu juntar o dinheiro por meio de uma campanha “Um dólar para Correa”, com a qual conseguiram arrecadar parte do dinheiro, completando o total com empréstimos de amigos e familiares, segundo disse Saráuz ao veículo.
Depois da indenização ter sido paga em 26 de janeiro, o advogado do jornalista, Julio César Sarango pediu à justiça que retire as medidas cautelares contra o seu cliente, informou Notimundo.
Villavicencio está na clandestinidade desde 21 de dezembro, disse Saráuz, desde que a sala do Tribunal Contencioso Tributário revogou o Hábeas Corpus que tinha sido concedido ao jornalista no final de novembro de 2016 por outro julgamento, informou El Universo.
A esposa do jornalista também disse ao site Ecuador Transparente que estão recebendo uma série de ameaças contra a sua família e que responsabiliza Correa por qualquer coisa que possa acontecer com eles ou ao seu esposo.
Em 5 de janeiro de 2017, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao governo equatoriano que seja informada sobre o caso de Villavicencio, Jiménez e Figueroa, e as medidas cautelares que solicitou para eles em março de 2014 – as mesmas que ratificou em agosto de 2016. A comissão deu 20 dias ao governo equatoriano para que se pronuncie sobre o caso, informou o El Comercio.
Em seu informe, a CIDH disse que “a imposição da sentença penal privativa de liberdade no presente assunto gera um grave risco de dano irreparável à liberdade de expressão", publicou El Comercio.
O El Telégrafo publicou que o governo de Correa lamentou e refutou a postura da CIDH, dizendo que a comissão não tem as competências para conceder as medidas cautelares solicitadas por Villavicencio.
O jornalista e ex-sindicalista, assim como Jiménez, enfrenta ainda um julgamento desde 2013 por supoestamente ter hackeado os emails de funcionários públicos e divulgado informação confidencial do governo sobre o litígio entre o Estado e a empresa de petróleo transnacional Chevron.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.