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EUA concedem asilo a jornalista cubano Serafín Morán

Depois de quase quatro horas de audiência, um juiz do Estado do Texas, EUA, concedeu asilo ao jornalista cubano Serafín Morán Santiago, detido desde abril, segundo a organização por liberdade de imprensa Fundamedios USA.

Segundo um comunicado de imprensa assinado pela organização e pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) - duas das entidades que apoiaram Morán desde sua detenção - o asilo foi concedido com base no fato de que Morán "foi objeto de tortura e perseguição por seu trabalho como jornalista independente em Cuba que criticou seu governo”.

Serafín Morán Santiago. (Facebook).

Embora as entidades tenham dito que estavam "exultantes" com a decisão do juiz em 11 de outubro, elas disseram que o jornalista "nunca deveria ter sido detido" pelo Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE).

"A RSF está profundamente aliviada pelo fato de Serafin Moran Santiago ter recebido asilo nos Estados Unidos, embora nos sintamos frustrados por ele ter passado seis meses em um centro de detenção no Texas antes de ser liberado", disse Margaux Ewen, diretora do escritório da RSF na América do Norte, de acordo com o comunicado conjunto. “Cuba é um dos lugares mais perigosos do mundo para ser jornalista, e meus colegas e eu estamos muito tranquilos em saber que agora ele pode trabalhar e viver em segurança nos Estados Unidos”.

“Estamos felizes pela libertação de Serafin Moran e que a justiça tenha sido feita no caso dele. Nenhum jornalista cuja vida está em risco deve ter seu pedido de asilo negado pelos EUA, um país que considera a liberdade de expressão um dos seus direitos mais importantes, e esperamos que este caso seja um exemplo para outros tribunais norte-americanos em como lidar com casos de jornalistas exilados em busca de asilo político”, disse Dagmar Thiel, diretora da Fundamedios USA, acrescentou o comunicado.

Morán Santiago chegou a solo norte-americano vindo do México em 13 de abril e entregou seus documentos ao ICE, solicitando asilo, RSF reportou anteriormente. Naquele momento ele foi levado a um centro de detenção no sul do Texas, onde permaneceu até 11 de outubro.

Além do apoio da RSF e da Fundamedios USA, entidades legais como a Ballard Spahr e a American Gateways prestaram assistência jurídica gratuita a Morán durante o processo. Além disso, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a RSF prestaram depoimentos como especialistas durante a audiência de asilo, informou a Fundamedios USA.

O jornalista teve uma audiência para discutir sua libertação sob fiança em 24 de agosto, mas o pedido lhe foi negado.

Após sua libertação, o jornalista agradeceu a todas as organizações que o ajudaram durante este período. "Também quero agradecer aos meus amigos e especialmente a minha mãe e filhas", disse ele de acordo com a declaração.

Morán deixou Cuba porque temia por sua vida, informaram as organizações na época. Ele chegou primeiro na Guiana, depois mudou-se para o México, onde ficou em um abrigo de refugiados para migrantes por pouco mais de um mês. Quando a embaixada cubana no México supostamente começou a importuná-lo, ele pediu asilo nos Estados Unidos, informou a Fundamedios USA.

Conforme explicou o jornalista, em Cuba ele foi vítima de agressão, assédio, múltiplas detenções, sequestros e tortura. Em junho de 2016, ele teria sido sequestrado e espancado por agentes de segurança cubanos, segundo a RSF. Em setembro de 2017, ele teria sido preso e seu equipamento confiscado após entrevistar um líder da oposição, acrescentou o RSF.

Como a Fundamedios USA explicou na época, Morán também passou "com sucesso" no teste de medo crível que é realizado nos EUA para a concessão de asilo.

De acordo com o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2018 da RSF, Cuba "continua sendo o pior violador da liberdade de imprensa na América Latina, ficando em 172º entre 180 países". Os EUA estão em 45o lugar, depois de cair duas posições em 2017.

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