A renomada jornalista haitiana Michele Montas, juntamente com três ex-prisioneiros políticos, está movendo um processo criminal contra Jean Claude "Baby Doc" Duvalier, no qual o ex-ditador é acusado de tortura, detenção ilegal e violações de direitos políticos e civis, informou o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês).
Michele, uma premiada repórter de rádio que já foi porta-voz da ONU, foi ameaçada e presa, além de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato relacionada a seu trabalho jornalístico. A rádio independente de seu marido, Jean Dominique, foi fechada durante o governo de Baby Doc, o que obrigou o casal a partir para o exílio, explicou a CNN. De volta ao Haiti, Dominique foi assassinado em 2000 por publicar matérias sobre corrupção governamental.
Baby Doc, que fugiu para a França em 1986, voltou ao Haiti este mês depois de ser deposto 25 anos atrás por uma revolta popular. Além de acusações de tortura e crimes de lesa humanidade, o ex-ditador é acusado de roubo e malversação de dinheiro público durante o período em que foi "presidente vitalício", explica a BBC Mundo.
Desde seu retorno, Baby Doc tem sido pressionado pela imprensa "livre e lutadora" do Haiti, diz a NPR. "Baby Doc Duvalier, como presidente, intimidou a imprensa com sua temida polícia secreta, a Tonton Macoute, para manter os jornalistas 'na linha'. Vinte e cinco anos depois, quando ele voltou do exílio, os repórteres foram tão agressivos que as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e bastões para mantê-los afastados do ex-ditador."
O retorno de Baby Doc ocorreu num momento em que o Haiti ainda luta para se recuperar do terremoto devastador de um ano atrás.
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Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
