Os vencedores do Prêmio Cabot deste ano são Fernando Rodrigues, repórter, editor e diretor do Poder360 no Brasil; Hugo Alconada Mon, jornalista investigativo no La Nación na Argentina; Graciela Mochkofsky, jornalista argentina, autora e diretora do Programa de Jornalismo em Língua Espanhola da CUNY Journalism School, em Nova York; e Jacqueline Charles, correspondente caribenha do Miami Herald.
O júri também reconheceu a fotojornalista Meridith Kohut, formada pela Escola de Jornalismo da Universidade do Texas em Austin, com uma menção especial por sua cobertura da crise humanitária venezuelana.
A Escola de Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia anunciou os ganhadores da mais antiga premiação em jornalismo do dia 18 de julho. Fundado em 1938, o Prêmio Cabot celebra seu 80º aniversário neste ano.
Fernando Rodrigues, ex-repórter da Folha de S. Paulo, transformou sua demissão de um dos maiores jornais do país, em 2014, em um novo começo, quando criou sua newsletter paga. Então, lançou uma plataforma digital de notícias em Brasília para cobrir o poder no maior país da América Latina.
"Ele passou de desempregado para empregador, contratando outros jornalistas para ajudá-lo a continuar sua excelente cobertura política", escreveu o prêmio, destacando suas reportagens investigativas sobre racismo, políticos corruptos e o trabalho nos Panama Papers.
Conforme observado pelo prêmio, ele também trabalhou para a lei de Acesso à Informação no país e é co-fundador da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
O prêmio também reconheceu o trabalho investigativo de Hugo Alconada Mon, destacando sua cobertura dos Panama Papers, seu papel como sócio-fundador da rede de reportagem REPI e seu trabalho expondo a corrupção da empresa de construção brasileira Odebrecht.
Ele é "conhecido por reportar de maneira justa, pelo espírito colaborativo e por fazer contribuições que ajudaram a expor um dos maiores escândalos de corrupção já vistos na América Latina", disse o prêmio.
Graciela Mochkofsky iniciou sua carreira nos jornais Página 12 e La Nación, sendo pioneira no "uso de técnicas investigativas na cobertura contra a corrupção" e, em seguida, passou a se concentrar em livros de pesquisa extensa, segundo o prêmio. Ela tem dois publicados e mais um está por vir.
"Ao longo de uma carreira que abrange dois continentes e mais de duas décadas, Graciela Mochkofsky se destacou como jornalista e escritora de talento", escreveu o Prêmio Cabot. "Seu trabalho expõe realidades sobre a região, desafiando o pensamento e as suposições convencionais."
Após o terremoto de 2010 no Haiti, Jacqueline Charles levou aos olhos dos leitores dos EUA histórias sobre sobreviventes e destruição. De acordo com o prêmio, seu trabalho também estimulou a ação, levando o ex-presidente Bill Clinton a incluir mais organizações haitianas em seu programa de auxílio. Recentemente, ela foi ao Chile, Canadá e México para seguir as rotas tomadas pelos migrantes haitianos.
"Uma jornalista incansável e escritora talentosa, ela sempre olha mais profundamente, buscando histórias vivas que transmitam as injustiças e privações que paralisaram o progresso na região", escreveu o prêmio.
No reconhecimento de obras jornalísticas do último ano que tiveram "impacto extraordinário na região e em nosso entendimento", o prêmio concedeu a Meridith Kohut a citação especial por sua cobertura fotográfica na Venezuela.
"Através dos rostos obscuros de crianças gravemente desnutridas, coquetéis Molotov jogados por protestantes contra o governo e venezuelanos sofrendo com a escassez de alimentos e remédios que estão apenas tentando sobreviver, suas imagens têm impacto violento na alma, que muitas vezes são mais imediatos do que a palavra escrita", escreveu o prêmio, chamando atenção para uma investigação de cinco meses sobre crianças que morreram de fome em hospitais públicos.
Cada vencedor receberá uma medalha de ouro e US$ 5 mil, com um certificado de citação especial.