No dia 17 de outubro terá início o julgamento oral que acusa o ex-presidente Alberto Fujimori de malversar quase 44 milhões de dólares dos orçamentos das Forças Armadas peruanas. O dinheiro teria sido utilizado para subornar proprietários de oito tablóides peruanos de imprensa marrom (sensacionalista), os denominados “diários chicha”, para comprar sua linha editorial e colocá-la a serviço de sua terceira reeleição em 2000, informou o procurador adjunto anticorrupção do país, Joel Segura, para a agência Andina.
O Poder Judiciário conduzirá o devido processo no interior da prisão Barbadillo, em Lima, onde Fujimori cumpre, desde abril de 2009, uma pena de 25 anos de cadeia por casos de corrupção e crimes contra a humanidade pelas chacinas de La Cantuta (1992) e Barrios Altos (1991).
Sobre este caso de peculato, Segura explicou que em 2005 a justiça peruana sentenciou 29 pessoas, entre elas Vladimiro Montesinos, ex-assesor presidencial e chefe do então Serviço de Inteligência Nacional do Peru, o ex-ministro de Defesa José Villanueva e os donos de oito jornais que desprestigiaram os opositores de Alberto Fujimori durante a campanha eleitoral.
"Há muita informação que vincula Alberto Fujimori com este desvio de dinheiro. Muitos dos sentenciados disseram que recibiam comunicações dele ou lhe prestavam conta da entrega de dinheiro e os condicionamentos da mesma", declarou.
Semanas antes, o advogado de Fujimori, César Nakazaki, sustentou que segundo a ley, seu cliente só poderia ser processado se se encontrasse bem de saúde, ao que o procurador respondeu que a condição de saúde de Alberto Fujimori foi parte de uma estratégia falida durante seu rejeitado pedido de indulto e “suas últimas comunicações públicas desde sua cela evidenciam que o ex-mandatário está em condições de enfrentar este processo”.
A promotoria pediu à Quarta Vara Penal de Execução uma sentença de oito anos de prisão para Alberto Fujimori e um pagamento de um pouco mais de um milhão de dólares em reparação civil. Por outro lado, a procuradoria anticorrupção solicitou considerar uma reparação civil de quase 72 milhões de dólares, noticiou Andina.
O caso dos "jornais chicha" é um dos 180 julgamentos pendentes de sentença dos crimes cometidos pela rede de corrupção do ex-assesor presidencial Vladimiro Montesinos e Alberto Fujimori, presidente do Peru de 1990 a 2000.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.