O governo do presidente Rafael Correa atualmente conta com 21 meios de diferentes formatos dirigidos a distintas audiências, entre eles 14 veículos apreendidos, 3 veículos públicos e 4 estatais, segundo o recente relatório “Como são filtradas as notícias que recebemos?”, da ONG Fundamedios.
O informe analisa a relação do governo equatoriano com os meios de comunicação de seu país, os efeitos da concentração de meios pelo Estado de tendência de esquerda e a distribuição desequilibrada da publicidade oficial.
O estudo retrata a situação atual do Equador usando como ponto de partida o livro “Os guardiões da liberdade” de Edward Herman e Noam Chomsky, que propõe a existência de cinco filtros da comunicação, entre eles a concentração da propriedade dos meios em mãos de poucas pessoas ou corporações, e a dependência dos meios da publicidade como sua principal fonte de financiamento.
De acordo com a análise, estes filtros permitem ao Estado criar um status quo informativo, o que Chomsky denominaria como a “manufaturação do consenso”.
Fundamedios sustenta que entre janeiro e setembro deste ano, o governo de Rafael Correa acumulou 9.613 minutos de sinal aberto, que somado aos spots publicitários de outros organismos do Estado dão um total de 21.162 minutos no ar.
Apesar de ter criado uma lei antimonopólios para evitar a “concentração de capitais e interesses em poucas mãos privadas”, que segundo a assembleia governista evitaria “a desigualdade e o abuso de poder do mercado”, a lei não contempla a possível concentração de meios estratégicos por parte do Estado nem tampouco prevê que o governo atue como uma corporação interessada no lucro, promovendo sua imagem como uma “marca”, de acordo com o relatório. No caso equatoriano, o "Estado destina grandes quantidades de dinheiro em sua auto-publicidade”, sustenta Fundamedios.
O estudo também falou da elaboração da controversa Lei de Comunicação do país, sobre a qual assegurou que fez falta mais investigação acadêmica e de contexto antes de sua aprovação. As opiniões dadas em sua discussão foram “inconsistentes”, assegurou o documento.
Fundamedios também criticou a maneira como o governo atualmente outorga publicidade oficial. Uma das conclusões do estudo é que “o desmedido gasto que o Estado destina em publicidade, não só influencia as publicações dos veículos como asfixia a crítica, além de gerar uma circulação de riqueza concentrada em pequenos grupos afins, ou amigáveis com o poder”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.