O secretário de Comunicação do Equador, Andrés Michelena, confirmou que o governo do presidente Lenin Moreno não está contribuindo economicamente para o canal de notícias multiestatal Telesur, informou o jornal La Hora.
"Nos reunimos com as pessoas da Telesur porque queremos fazer uma política de portas abertas, onde cada um relata as coisas boas e critica as coisas ruins", disse Michelena, segundo La Hora.
A Associated Press informou que a Telesur se recusou a comentar sobre a situação.
O secretário informou que a Secom (Secretaria Nacional de Comunicação) também está avaliando deixar o canal Ciudadano TV, o canal oficial do Executivo equatoriano, segundo El Comercio.
La Hora citou uma especialista em liberdade de expressão, Martina Rapido, sobre a decisão do atual governo de não financiar o canal. Segundo o jornal, Rapido perguntou se o país dispunha de suas ações. La Hora disse que estava aguardando uma resposta do Ministério das Finanças para obter informações sobre as contribuições do Estado para o canal.
De acordo com El Comercio, enquanto Michelena originalmente entendia que o governo do ex-presidente Rafael Correa havia contribuído para a Telesur, mais tarde ele disse que não era o caso. A publicação acrescentou que o ex-secretário de Comunicação Patricio Barriga, que serviu durante o governo de Correa, disse que nenhuma contribuição econômica foi dada ao canal multiestatal. No entanto, o ex-secretário disse que havia um acordo para operações e compartilhamento de conteúdo, segundo o El Comercio.
A Telesur, lançada em 2005 em Caracas, Venezuela, foi uma idéia dos ex-presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba. De acordo com seu site, a Nueva Televisión del Sur ("A Nova Televisão do Sul") “foi fundada para combater a mídia corporativa e ser uma voz para os latino-americanos na região e em todo o mundo”.
O Equador se juntou à Telesur em agosto de 2007, durante o governo de Correa, informou La Hora. Venezuela, Uruguai, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Argentina também eram parceiros.
La Hora observou que a Telesur "serviu para transmitir um discurso alinhado a esses governos, cuja linha ideológica e política [o canal] tentou difundir e implementar regionalmente através da chamada Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), e até certo ponto , a União das Nações Sul-Americanas (Unasul)."
O jornal disse que, em sua história, "a Telesur exibiu supostos documentários contra críticos do regime de Correa e contra jornalistas equatorianos".
Em março de 2016, o governo argentino, liderado pelo presidente Mauricio Macri, anunciou que abriria mão de suas ações na Telesur. Poucos meses depois, o governo argentino suspendeu o sinal da Telesur da TV digital gratuita no país.