Uma declaração de jornalistas independentes da Nicarágua condenando a violência letal contra manifestantes e ataques à imprensa e pedindo o respeito do governo à liberdade de imprensa, reuniu assinaturas de 35 meios de comunicação, quatro organizações da sociedade civil e 87 jornalistas até o momento.
A declaração inclui 10 pontos sobre "atos de repressão" no país que começaram em 18 de abril de 2018 que "deixaram mais de 46 mortos, dezenas feridos e desaparecidos". Os protestos irromperam no país após a proposta de reforma da Previdência, mas se tornaram uma expressão de descontentamento com o governo do presidente Daniel Ortega. A reforma da Previdência acabou revogada pelo mandatário.
Os signatários condenam os assassinatos e pedem a investigação por uma comissão independente.
Os jornalistas também condenam as agressões contra a imprensa, incluindo o assassinato do jornalista Ángel Gahona durante uma transmissão dos protestos ao vivo no Facebook, um ataque à Radio Darío, ataques contra e roubos de jornalistas que cobrem os protestos e “censura ilegal” pela agência reguladora Telcor de 100% Noticias, Canal 12, Telenorte e outros meios. Eles também pediram à Telcor e a outras entidades governamentais que funcionem independentemente dos interesses do presidente do país.
Dois suspeitos foram formalmente acusados pelo assassinato de Gahona, mas a família do jornalista e outros criticaram as acusações e dizem que é um esforço para evitar acusar os verdadeiros responsáveis. De acordo com El Nuevo Diario, o pai de Gahona disse que as únicas pessoas próximas ao jornalista quando ele foi morto eram agentes da Polícia Nacional.
Os jornalistas que assinaram a declaração pedem que o Estado e a sociedade exerçam tolerância zero em relação a agressões contra jornalistas e que o governo de Ortega respeite os direitos de liberdade de pensamento e informação. Os jornalistas também rejeitam as campanhas de difamação contra alguns profissionais e dizem que responsabilizam o Estado por quaisquer consequências.
Eles reconhecem o trabalho dos cidadãos que têm divulgado informações através das redes sociais, rejeitando, por sua vez, a censura.
Eles também confirmaram um compromisso como jornalistas profissionais "com a auto-regulação ética e a busca pela verdade, disseminando informações confirmadas com base em um rigoroso cruzamento de fontes", disse o comunicado.
Eles pedem ao governo que ponha fim ao sigilo em relação à comunicação estatal e à informação pública e dizem que a distribuição da publicidade estatal não deve ser monopolizada pela mídia ligada à família ou aliados do presidente.
“Ao longo da nossa história, a obtenção da liberdade de expressão na Nicarágua teve um custo muito alto; jornalistas assassinados, exilados, presos, meios de comunicação que foram confiscados e alvo de pesadas multas”, diz o comunicado. “A cobertura dos protestos faz parte do trabalho diário e inevitável para jornalistas de vários meios de comunicação. Os nicaraguenses têm o direito de saber o desenvolvimento dos acontecimentos que marcam o rumo da nação”.
Diretores e jornalistas dos seguintes meios de comunicação assinaram a declaração:
Radio Corporación
Radio Dario
100% Noticia
Canal 12
Canal 10
Diario La Prensa
El Nuevo Diario
Diario HOY
Confidencial
Esta Semana
Esta Noche
Revista Niú
La trinchera de la Noticia
Telenorte, Estelí
Radio Estereo Vos, Matagalpa
Radio La Costeñísima, Bluefieds
Radio Romance, Jinotepe
Radio Universidad
Radio Camoapa, Boaco
Radio Palabra de Mujer
Programa Café con Voz
Programa Danilo Lacayo en Vivo
Programa Onda Local
Programa Doble Play
Programa La Mesa Redonda
Tiempos de Negocios
Articulo 66
Hispano TV
El Aventino
Nuevas Miradas
Agencia SNN
Observatorio de Medios
Gatonegroni
Asociación APN
Mosaico CSI, Matagalpa
Organizações da sociedade civil:
CREA Publicidad
Porter Novelli Comunicaciones
PEN : Periodistas y Escritores
Fundación Violeta B. de Chamorro
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.