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Imprensa não aborda a precariedade da situação dos imigrantes presos no México, diz palestrante no Fórum de Austin

Goteiras, colchonetes molhados, escassez de água, crianças afastadas de seus pais e períodos indefinidos de detenção são algumas das situações encontradas nas estações migratórias ou centros de detenção de imigrantes no Sul do México, explicou Fabián Sánchez, da organização i(dh)eas, durante o 9º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas.

Em 2011, o evento anual tem como tema a "Cobertura Jornalística da Migração nas Américas".

A i(dh)eas é uma organização dedicada à defesa dos direitos humanos dos imigrantes de países da América Central que cruzam o México. Durante sua apresentação, Sánchez comentou as conclusões do estudo Na Terra de Ninguém, Labirinto da Impunidade, que tenta retratar as condições enfrentadas pelos mais de 70 mil imigrantes detidos no México em 2010. Destes, 95% eram de países da América Central, segundo dados oficiais.

“O México segue a política de imigração dos Estados Unidos”, ressaltou Sánchez. “Trata-se de uma política de fechar as fronteiras, prender e expulsar os imigrantes”, acrescentou.

Segundo o levantamento, 93% dos detidos nunca foram informados de seus direitos, como o de assistência jurídica, ou dos motivos da prisão.

A i(dh)eas fez 400 entrevistas com homens, mulheres e crianças detidas em albergues e estações migratórias entre março e outubro de 2010, ao longo da rota que vai de Soconusco ao município de Arriaga, no estado de Chiapas, Sul do México.

A pesquisa revelou ainda que a maioria dos abusos (57%) foi cometida por agentes do Instituto Nacional de Migração (INM). Em seguida, vem a Polícia Federal mexicana. "Há inconsistência, falta de controle e arbitrariedade das autoridades mexicanas de imigração", disse Sánchez.

Poucos dos abusos das autoridades migratórias ou dos mexicanos que empregam imigrantes da América Central são divulgados pela imprensa mexicana, sublinhou Sánchez.

Atualmente, sua organização usa esse estudo como evidência em um processo contra as autoridades mexicanas, para exigir mudanças no processo de detenção de imigrantes, assim como o julgamento dos crimes cometidos contra eles.

Sánchez mencionou ainda um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que pede ao governos dos Estados Unidos que a detenção de imigrantes seja a última alternativa em sua política de imigração. “Para o governo do México só há uma alternativa: a detenção”, afirmou Sánchez.

O Fórum de Austin, organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e pelos programas para a América Latina e de Mídia das Fundações Open Society, continuará no sábado 10 de setembro, com mais discussões sobre a cobertura da migração. O programa completo do evento está disponível aqui.

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