O mesmo trabalho que levou o jornalista Lúcio Flávio Pinto a ser condenado pela Justiça do Pará o consagrou vencedor da 34ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, informou o site Ambiente Já. Sua atuação jornalística na Amazônia já lhe rendeu mais de 33 processos judiciais, mas também vários reconhecimentos, dentre os quais quatro prêmios Esso, o mais importante de jornalismo do Brasil.
A premiação, que será entregue no dia 23 de outubro, em São Paulo, é concedida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, desde 1979, a profissionais e veículos de comunicação que se destacaram na defesa da cidadania e dos direitos humanos e sociais.
Pinto, editor do Jornal Pessoal há 25 anos, é um dos repórteres mais perseguidos e ameaçados da região amazônica por conta de suas denúncias. Na última quarta-feira, 6 de junho, ele anunciou que pagaria antecipadamente a indenização por danos morais a ele imposta em razão da publicação de uma reportagem, de acordo com a Folha de S. Paulo. O valor da indenização, estimado pelo jornalista em cerca de R$27 mil, será pago com os recursos arrecadados com doações de amigos e leitores.
Em fevereiro deste ano, depois de um revés judicial em primeira instância e sua confirmação no Superior Tribunal de Justiça, Pinto decidiu que não iria mais recorrer do processo do qual foi alvo após denunciar a grilagem de terras praticada no Pará pelo empresário Cecílio do Rego Monteiro, dono de uma das maiores empreiteiras do país. A Polícia Federal comprovou a grilagem, mas o empresário não foi preso, pois o crime já estava prescrito.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.