O jornalista e dissidente cubano Julio César Gálvez, que, em julho de 2010, foi libertado da prisão após mais de sete anos atrás das grades, reclamou das condições em que vive exilado na Espanha.
"Parece que o governo espanhol está nos punindo", escreveu Gálvez em 1° de fevereiro para o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). No texto, ele relata as dificuldades de seu cotidiano em Vallecas, uma zona industrial da capital espanhola, Madri. O jornalista vive com a mulher e o filho de cinco anos em um albergue, onde banheiros e outras instalações são coletivos e, por isso, não deixam lugar para a intimidade. Além disso, eles estão sem dinheiro, "apesar da ajuda prometida pela Embaixada da Espanha em Havana".
Gálvez fez parte do primeiro grupo de presos políticos libertados por Raúl Castro a partir de julho de 2010. Ele havia sido preso em 2003, durante a chamada “Primavera Negra”, e condenado a 14 anos de detenção. Dezessete dissidentes liberados se exilaram na Espanha, enquanto outros três continuam na prisão por se negarem a deixar a ilha.
“O governo de José Luis Rodríguez Zapatero reluta em nos dar asilo político depois de nos ajudar a sair da prisão e nos trazer para a Espanha”, escreveu ele no blog “Jornalista cubano no exílio: promessas não cumpridas”.
Gálvez, que antes de ser preso trabalhava como repórter independente, disse não esperar nada mais do que foi prometido pelas autoridades espanholas antes da viagem. “Só quero refazer minha vida, enquanto aprendo a viver em liberdade e numa democracia. Mas, para isso, é preciso ter estabilidade, um lugar para viver, o que até agora não temos. Esperamos que as promessas feitas se cumpram logo”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.