Bernardo Javier Cano Torres, jornalista de rádio do município de Iguala, foi libertado após 20 dias de sequestro, segundo veículos locais.
Na manhã de 7 de maio, Cano e outras três pessoas foram sequestradas enquanto viajavam em uma caminhonete pela estrada Iguala-Teloloapan.
Cano, que também trabalhava para uma empresa farmacêutica, estava fazendo entrega de medicamentos quando foi sequestrado na saída de Iguala, perto de um bloqueio militar, de acordo com Sin Embargo.
Em 8 de maio, a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fez um chamado às autoridades mexicanas para investigarem o sequestro e localizarem Cano.
A Relatoria Especial também pediu que as autoridades determinassem se o governo federal deveria se envolver nas investigações. Uma lei federal que criou o Mecanismo de Proteção para Defensores de Direitos Humanos e Jornalistas foi aprovada em 2012, contudo, algumas organizações internacionais questionam sua eficácia.
A Promotoria de Guerrero havia aberto uma investigação sobre o caso de Cano.
Cano foi libertado na noite de 27 de maio, depois de seus familiares pagarem um resgate, de acordo com Sin Embargo.
Cano era o apresentador do programa Hora Cero na rádio ABC em Iguala, a mesma cidade onde 43 estudantes de Ayotzinapa desapareceram em setembro de 2014.
O sequestro e desaparição dos estudantes de Ayotzinapa geraram protestos massivos no México e fora do país, assim como a implicação e detenção de autoridades civis e oficiais da polícia. Durante a investigação das desaparições, várias fossas comuns – não relacionadas com o caso – foram descobertas na área.
A co-apresentadora de Hora Cero disse à Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que havia recebido ameaças de um irmão do ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca. Abarca foi acusado de sequestro no caso dos estudantes de Ayotzinapa.
Ainda não está claro se o sequestro de Cano esteve relacionado com seu trabalho como jornalista.
Artigo 19 registrou um total de 326 ataques contra jornalistas e meios de comunicação em 2014. 14% destes casos foram classificados como detenções arbitrárias.
México também ocupa o sétimo lugar no Índice Global de Impunidade 2014 do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ na sigla em inglês). O índice analisa os países onde jornalistas são assassinados e os responsáveis ficam impunes.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.