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Jornalista paraguaio que vive sob proteção policial recebe Prêmio Internacional da Liberdade de Imprensa do CPJ

O jornalista paraguaio Cándido Figueredo Ruiz será um dos ganhadores dos Prêmios Internacionais pela Liberdade de Imprensa 2015, entregues pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês), segundo anunciou a organização na terça, 15 de outubro.

Devido a constantes ameaças e ataques, Figueredo Ruiz é talvez um dos jornalistas mais vigiados por seguranças na América Latina. Há duas décadas conta com um esquema de proteção policial 24 horas por dia, além de câmeras de vigilância em sua casa.

“É como viver em uma prisão”, explicou Figueredo Ruiz ao CPJ.

O jornalista vive no município Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil, onde é correspondente para o jornal ABC Color, um dos mais importantes do país.

Como muitas zonas de fronteira deste país, Pedro Juan Caballero é um dos lugares de atividade do crime organizado e do tráfico de drogas, que em muitas ocasiões, opera sob a cumplicidade das autoridades. Por esta razão, exercer o jornalismo nesta região se tornou uma das atividades mais perigosas, informou o CPJ.

Por sua cobertura jornalística, Figueredo Ruiz recebeu as primeiras ameaças em 1995 e desde então vive e trabalha sob proteção policial. A ameaça mais recente foi recebida em maio passado, mas ele afirma já ter perdido a conta do número de ameaças de que é alvo. Sua casa foi baleada duas vezes. Em 2012, a polícia brasileira o informou sobre um plano para matá-lo que foi descoberto após a interceptação de uma ligação entre dois criminosos.

Paraguai sofreu um aumento na violência contra jornalistas. Em 2014, três jornalistas foram assassinados, um deles, Pablo Medina, que cobria outra zona de fronteira para o jornal ABC Color.

Os prêmios do CPJ serão dados em novembro, na cidade de Nova York, Estados Unidos.

“Em um período muito perigoso para o exercício do jornalismo, estes jornalistas premiados enfrentaram ameaças de governos repressivos, cartéis do narcotráfico e até do Estado Islâmico”, disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. “Seja por blogs ou meios de imprensa tradicionais, desenhando caricaturas, eles arriscam sua integridade pessoal e sua liberdade para nos trazer as notícias”.

Além de Figueredo Ruiz, outros ganhadores são:

  • Blogueiros da Zona 9, da Etiópia. Trata-se de um grupo de blogueiros com seis membros que foram presos e acusados de terrorismo como represália por seu jornalismo crítico.
  • Zulkiflee Anwar Ulhaque ‘Zunar’, da Malásia. Caricaturista acusado de traição por seu trabalho que satiriza os abusos de altos funcionários do governo. Por este delito, pode ser sentenciado a 43 anos de prisão. É o primeiro caricaturista premiado pelo CPJ.
  • Estão massacrando a Raqqa em silêncio, da Síria. Coletivo de jornalismo cidadão que se  mantém como uma das poucas fontes independentes que continua informando desde dentro do poder do Estado Islâmico.

A correspondente especial de Associated Press para Paquistão e Afeganistão, Kathy Gannon, receberá o Prêmio em Memória de Burton Benjamin por sua trajetória a serviço da causa da liberdade de imprensa. Gannon cobriu a região para a AP como correspondente e chefe de correspondentes desde 1988. EM 2001, Gannon foi a única jornalista ocidental que recebeu permissão dos talibãs para regressar a Kabul durante a invasão do Afeganistão pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, informou o CPJ.

No passado, outros jornalistas da América Latina receberam este reconhecimento. Janet Hinostroza, do Equador, em 2013Javier Valdez Cárdenas, do México, em 2011; e Laureano Márquez, da Venezuela, em 2010.​

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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