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Jornalistas brasileiros debatem a reinvenção da notícia no ambiente online

Discutir as inovações de mídias, tecnologias, linguagens e plataformas se tornou rotina na carreira jornalística desde o surgimento da internet. No 6º Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji, que aconteceu entre os dias 30 de junho e 2 de julho, o jornalismo online foi o tema central. As mesas do evento abordaram desde o formato das notícias em tablets até a prática de jornalismo independente na web.

A interatividade foi destacada pela maioria dos debatedores como uma das principais características a ser explorada no jornalismo online. “A Revolução Digital trouxe a interatividade, o que aproximou o público do veículo. Essa proximidade nos possibilitou receber críticas, cobranças e novas ideias de pautas”, afirmou a jornalista responsável pelo negócio de Internet do Grupo RBS, Marta Gleich, na palestra “A reinvenção da notícia”.

O repórter e apresentador da Globo News Rafael Coimbra citou a experiência da CNN norte-americana para mostrar que é possível obter conteúdos amadores sem comprometer questões éticas. “Seja de forma independente ou em parceria com os grandes veículos de comunicação, será possível aproximar o trabalho amador ao dos veículos”, diz ele.

A rapidez da troca de informações com a audiência traz oportunidades, mas também cria dilemas. Saber comunicar bem e rápido passou a ser necessidade para o jornalista do século XXI, que conta com a ajuda da audiência para uma apuração contínua. “Você posta uma matéria e em 30 segundos o internauta pode corrigir você”, alerta Antonio Prada, diretor de conteúdo do Terra.

Além dos desafios da produção, o online também enfrenta desafios de linguagem, especialmente para dispositivos móveis. Na palestra “O jornalismo e os tablets”, a diretora de conteúdo online do Estadão, Cláudia Belfort, assinalou que os jornais não têm produção específica para o dispositivo e, apesar de experimentos em curso, o jornalismo ainda está em busca de rumos sobre a forma de se produzir para os novos suportes.

Quando a discussão passa para o campo econômico, as preocupações crescem. “Se a internet é tão relevante para os usuários como parece, por que não tem reconhecimento do mercado?”, questiona Prada. A sobrevivência de sites pode vir de outros fatores para além da publicidade com notícias, como antivírus e assistência técnica, segundo Rodrigo Flores, diretor de conteúdo do UOL.

Apesar do futuro incerto, jornalistas podem traçar uma via alternativa para produzir no ambiente online, fora da grande imprensa. De acordo com Joshua Benton, diretor da Nieman Lab, o jornalismo investigativo online é uma tendência que vem aumentando a cada ano nos Estados Unidos.

A jornalista Natalia Viana, da agência Pública, se apresentou como exemplo concreto de que é possível viver fora do hardnews com jornalismo independente na web. “Eu fazia matérias e conseguia emplacar em várias plataformas. Isso me dava um retorno financeira que permitia ficar cerca de dois meses só produzindo uma reportagem mais interessante”, comenta.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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