Um grupo de jornalistas da Rede Record de Televisão enviou uma carta de protesto à organização do Prêmio Esso de Jornalismo, o principal da categoria no Brasil, na qual questionaram a indicação da Folha de S. Paulo como finalista do concurso deste ano. Eles alegam que o trabalho inscrito pelo jornal é resultado de uma apuração feita por eles sobre os negócios escusos do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
A série de reportagens da Folha de S. Paulo intitulada "O jogo suspeito e a queda de Ricardo Teixeira" recebeu o Grande Prêmio Esso de Jornalismo de 2012 e o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas publicou uma entrevista com os autores premiados sobre os bastidores do trabalho de apuração.
Jornalistas da Rede Record enviaram um e-mail para o Centro Knight, reagindo ao post, para que ficasse registrado também o protesto que tinham enviado à organização do prêmio no dia 17 de outubro, assinado pelos repórteres Luiz Carlos Azenha, Amaury Ribeiro Jr, Antonio Chastinet e Leandro Cipoloni.
Os cinco jornalistas da Record se dizem indignados com o "fato de a organização [do Esso] ter ignorado a origem do material – o duro trabalho investigativo dos repórteres da TV Record". Alegam ainda que, "após a veiculação de nossas reportagens, entregamos a colegas da 'Folha' e de outros veículos os documentos obtidos ao longo da investigação".
As reportagens da Record sobre as denúncias contra Teixeira disputaram a premiação na categoria Telejornalismo, diferente da disputada pela Folha, mas não entraram na lista de finalistas. Segundo o regulamento do Esso, a avaliação dos trabalhos inscritos não compete aos organizadores do concurso e são submetidos à apreciação das comissões de julgamento em duas etapas, uma de seleção de finalistas e outra, de vencedores.
Ao Portal dos Jornalistas, o organizador do Esso, Ruy Portilho, esclareceu que "o trabalho de telejornalismo 'A queda de Ricardo Teixeira' teve todas as oportunidades de avaliação pela correspondente comissão de telejornalismo e não mereceu classificação entre os finalistas. Confrontados com o protesto dos autores, os jurados mantiveram suas decisões. A tentativa de desqualificar o trabalho dos colegas da Folha de S.Paulo tampouco teve acolhida entre os encarregados de julgar os finalistas da mídia impressa”.
Procurada, a equipe premiada da Folha de S. Paulo não quis se pronunciar.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.