Por Lorenzo Holt
Jornalistas, organizações de meios de comunicação e defensores da liberdade de expressão de El Salvador, Cuba, Argentina, México e Equador foram incluídos na longa lista de candidatos para os Prêmios de Liberdade de Expressão 2016 do Índice de Censura (Index on Censorship) anunciada no dia 16 de dezembro.
“Os indivíduos e as organizações que figuram no #Index100 demonstram coragem, criatividade e determinação na luta contra as ameaças de censura em todos os rincões do mundo”, disse Jodie Ginsberg, CEO do Índice de Censura, segundo um comunicado de imprensa da organização. “Eles são um testemunho do valor universal da liberdade de expressão. Sem seus esforços frente a enormes obstáculos, sob uma violenta perseguição, o mundo seria um lugar mais sombrio”.
Índice de Censura, uma organização internacional de liberdade de expressão baseada no Reino Unido, anunciará uma lista curta de indicados em 19 de janeiro de 2016. Os ganhadores serão anunciados em uma noite de prêmios no próximo mês de abril em Londres e também se unirão a um programa de bolsas de um ano de duração.
A lista #Index100 inclui 100 indivíduos e grupos de 53 países que saíram de listas de mais de 500 indicados e postulantes, de acordo com o site da organização. Os prêmios são dados em quatro categorias: artes, campanhas, ativismo digital e jornalismo.
Os jornalistas salvadorenhos Roberto Valencia, Óscar Martínez e Daniel Valencia Caravantes foram incluídos na lista #Index100, na categoria de jornalismo, por seu trabalho de investigação para El Faro, um site digital de notícias centrado em notas de profundidade sobre crime, corrupção e cotidiano.
Em 22 de julho, os jornalistas publicaram uma história do massacre de oito pessoas, dentre elas dois menores de idade, supostamente pela polícia. A reportagem contradizia o dito pelas fontes oficiais, segundo The Nation. Imediatamente após a nota ser publicada, os três começaram a receber ameaças.
A categoria de jornalismo da #Index100 também incluiu Roberto de Jesús Guerra Pérez de Hablemos Press, uma agência de imprensa de Cuba, fundada em 2009 como uma alternativa à censura oficial do governo e à propaganda.
Embora seu site online esteja bloqueado e seus programas de rádio e televisão não estejam disponíveis por fontes de meios oficiais, ainda imprimem cerca de 400 periódicos semanais e oferecem capacitação a jornalistas, segundo Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Antes de fundar o periódico, Guerra Pérez foi um dissidente de muito tempo e com frequência enfrentou prisões nas mãos do governo cubano.
O site de comprovação de fatos Chequeado da Argentina está na lista na categoria de ativismo digital. O Índice de Censura ressaltou o extenso trabalho do grupo para oferecer transparência ao longo da campanha presidencial de 2015. Méxicoleaks, uma plataforma digital relativamente nova que recebe informação vazada do público de maneira anônima, também foi incluída nesta categoria.
A Fundação Andina para a Observação e Estudo de Meios (Fundamedios) do Equador entrou na lista por seus esforços para monitorar os ataques contra a liberdade de imprensa e seu apoio aos direitos legais de periódicos e jornalistas frente às ameaças do governo. Em setembro, o Governo equatoriano iniciou um processo para fechar esta organização, que foi arquivado após gerar indignação nacional e internacional.
Qualquer organização ou indivíduo pode concorrer ao Prêmio para a Liberdade de Expressão do Índice de Censura. Os candidatos são julgados de acordo com a coragem, criatividade, capacidade de resistência e reconhecido impacto nos últimos 12 meses. O Índice de Censura escolhe um novo painel de jurados a cada ano de “vozes líderes no mundo com experiência na promoção, jornalismo, artes e direitos humanos”.
No júri deste ano está a premiada jornalista colombiana María Teresa Ronderos, que já esteve envolvida com várias organizações de jornalismo na América Latina.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.