Por Alejandro Martínez
Atualização: Vá até o fim desta matéria para assistir às conversas completas em espanhol com Alarcón e Turati, além de uma entrevista com Gabriela Polit e Cecilia Ballí, professoras da Universidade do Texas em Austin e organizadoras do evento.
O cronista chileno Cristian Alarcón e a jornalista mexicana Marcela Turati falaram sobre temas muito distintos durante o fórum “A Nova Crônica Latino-americana: Diálogo Entre Acadêmicos e Jornalistas”, mas os dois trabalhos tiveram algo em comum: Como escrever textos que reflitam corretamente a atualidade, se conectem com o público e conservem seu interesse.
O fórum aconteceu nesta quinta-feira, 28 de fevereiro, na Universidade do Texas em Austin. O jornalista mexicano Javier Valdez, que iria participar do evento, não pôde comparecer por motivos pessoais, segundo os organizadores.
O fórum foi uma iniciativa de acadêmicos do Instituto de Estudos Latino-americanos Teresa Lozano Long e do departamento de Espanhol e Português da universidade, que querem que o evento seja o primeiro passo para construir uma ponte entre eles e o mundo dos jornalistas.
Alarcón ofereceu o exemplo mais concreto de como realizar este desejo: sua publicação on-line Revista Anfibia. A revista é um portal de crônicas latino-americanas que busca mesclar pesquisas acadêmicas com crônicas jornalísticas, algo que Alarcón denomina “o anfíbio”.
Para Alarcón, explorar este espaço experimental entre a produção jornalística e a acadêmica ajuda os jornalistas a verem além dos limites da matéria diária e acessar o conhecimento mais aprofundado dos acadêmicos. Além disso, avança à produção jornalística como um instrumento de conhecimento.
Os acadêmicos se beneficiariam da experiência direta dos jornalistas com o mundo e a oportunidade de conhecer os bastidores da política, disse Javier Auyero, professor de sociologia da Universidade do Texas que acompanhou Alarcón em um painel.
O objetivo para ambos os campos deve ser conectar e servir melhor a sociedade, disse Alarcón. Para os jornalistas, o desafio é romper a barreira da linguagem e abandonar o estilo “rígido” do jornalismo tradicional para buscar a linguagem real das pessoas. Para os acadêmicos, é pensar além das fronteiras da academia.
"Estou cansado de escutar 'o importante é contar uma boa história'. Deve-se contar histórias importantes", afirmou Alarcón. “O que espero de autores novos é saber o que se sente na epiderme social”.
Em sua fala, Turati – repórter premiada da revista Proceso e co-fundadora da organização Jornalistas a Pé – discutiu sua cobertura dos últimos seis anos de violência no México. A pergunta que sempre a guiou, contou, é como contar estas histórias de modo a manter as pessoas interessadas, sem que naturalizem a violência.
Como primeira tentativa, Turati escreveu o livro Fogo Cruzado para contar a história da violência a partir da perspectiva social e como forma de dar visibilidade às vítimas. Contudo, agora se questiona se o livro explorou demais a tragédia.
"Nas apresentações (do livro) as pessoas choravam e eu também", disse. "Às vezes penso que foi muito horror".
Nessas mesmas apresentações, as pessoas frequentemente perguntavam "há esperança?". Como resposta, os integrantes do Jornalistas a Pé escreveram Entre as Cinzas, um esforço coletivo sobre histórias de resistência no México e a mais recente tentativa de Turati de contar a história da violência de uma nova maneira.
Sua busca levanta questões sobre os limites da profissão. Conversava por horas com as vítimas, apenas para ouvir seus desabafos. Tudo terminava em lágrimas e abraços.
"Como jornalista, eu pensei, tenho que fazer as coisas de forma diferente. Talvez o que eu fiz tenha sido mais sociológico", disse.
Falas de Cristian Alarcón e Javier Auyero durante o fórum "A nova crônica latino-americana" do Centro Knight no Vimeo.
Fala de Marcela Turati e Nestor Rodríguez durante a palestra "A nova crônica latino-americana" do Centro Knight no Vimeo.
Entrevista com Gabriela Polit e Cecilia Ballí, do Centro Knight, no Vimeo.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.