Alertando para uma "progressiva perda de direitos fundamentais" no Equador, o Comitê Coordenador de Organizações para a Liberdade de Expressão, divulgou, durante um encontro em Miami, na sexta-feira 9 de dezembro, uma série de resoluções nas quais pede ao presidente Rafael Correa que respeite as liberdades de expressão e imprensa, informou a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), membro do comitê. Outras resoluções tratam da morte de jornalistas e da impunidade em países como México e Colômbia.
As resoluções sobre o Equador propõem a descriminalização da difamação e a suspensão das acusações -- e consequentes condenações -- contra jornalistas. Além disso, pedem que Correa e seu governo respeitem as recomendações de Catalina Botero, relatora para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humano (CIDH)
"Enquanto houver uma campanha de desinformação do governo do Equador para manchar a reputação e desacreditar pessoas e organizações que promovem e defendem os direitos humanos e a liberdade de expressão naquele país, o Comitê vai... pedir ao presidente Correa e autoridades que aceitem críticas e um debate democrático com todo o respeito e tolerância à diversidade de ideias e opiniões", de acordo com a resolução.
Correa tentou desacreditar Botero ao acusá-la de ser tendenciosa em apoio à organização de mídia Fundamedios, grupo que critica a administração do presidente. Segundo Correa, a Fundamedios contratou Botero por 8 mil dólares para workshops, informaram o jornal oficial El Telégrafo e o diário El Universo. Correa alega que, por isso, Botero apoia as acusações da Fundamedios ao governo sobre violações da liberdade de expressão.
Para César Ricaurte, diretor da Fundamedios, as acusações fazem parte da campanha do governo para desacreditar Botero e a CIDH. De acordo com ele, a única relação entre o grupo e Botero é acadêmica, não comercial, informou a AFP. Ricaurte também disse não ter se surpreendido com as acusações, considerando que a Fundamedios é a "única ONG do Equador a trabalhar em defesa e na promoção da liberdade de expressão".
Em outubro, a Fundamedios apresentou uma denúncia à CIDH sobre a falta de liberdade de expressão no Equador desde a posse de Correa, em 2007, explicou a EFE.