Não faltam dados públicos para acompanhar o processo de destruição da maior floresta tropical do mundo, o desafio está em agregar as informações disponíveis e torná-las mais compreensíveis ao público em geral. Com base neste entendimento, o jornalista brasileiro Gustavo Faleiros desenvolveu um dos projetos vencedores da Knight International Journalism Fellowship, programa de bolsas conduzido pelo International Center For Journalists (ICFJ) para melhorar o fluxo livre de informações e notícias de interesse público em todo o mundo.
Faleiros explicou ao Centro Knight para o jornalismo nas Américas que pretende criar uma plataforma para agregar dados abertos dos nove países que integram a região amazônica, como imagens de satélites, informações publicadas em redes sociais e matérias jornalísticas, e apresentá-los no formato de um mapa digital, facilitando o monitoramento da floresta.
A iniciativa, intitulada Info Amazônia e com lançamento previsto para a semana da Rio + 20, integra as atividades pensadas pelo jornalista para promover o jornalismo de dados no Brasil, principal objetivo da bolsa Knight. Faleiros disse que, apesar de nunca ter se considerado um “jornalista de dados”, sua experiência como editor-executivo do portal ambiental O Eco já fazia parte desse universo.
“Essa bolsa é resultado de um processo de uns 4 ou 5 anos de trabalho n'O Eco, onde eu comecei a fazer muita coisa relacionada a bases de dados abertos, como focos de incêndio, imagens de satélite sobre a Amazônia. Em 2008, fizemos uma primeira experiência de cobertura sobre as queimadas, com informações disponíveis nos sites do INPE e da NASA. Nesse processo, eu já comecei a achar dados sobre limites de unidades de conservação, degradação em parques nacionais e por aí vai”, contou.
Segundo ele, quando o assunto é jornalismo de dados, ainda há poucos repórteres que exploram informações ambientais, "a preocupação costuma ser orçamentos e finanças públicas".
Além da plataforma digital, Faleiros vai trabalhar em parceria com o jornal Folha de S. Paulo e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) para organizar treinamentos com foco no uso de dados de geolocalização e na construção de mapas.
Outra atividade prevista pelo brasileiro é ajudar a consolidar encontros entre programadores e jornalistas, como fará a também bolsista Knight Sandra Crucianelli na Argentina. “O modelo é o da comunidade Hack/Hackers, que está prosperando ao redor do mundo, mas não precisaremos chamar desse nome. A ideia é promover o encontro mesmo”, salientou.