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Plataformas brasileiras de fact-checking se unem para checar debate de candidatos a prefeito no Rio

Seguindo o exemplo de colaborações entre grupos de fact-checking na América Latina, quatro plataformas brasileiras de checagem de dados vão juntar suas experiências e talentos para analisar o debate dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, no segundo turno das eleições municipais de 2016.

Mais de 20 pessoas das plataformas de fact-checking Agência LupaAos FatosTruco (do site de jornalismo investigativo Agência Pública) e o Detector de Mentiras (da ONG Meu Rio) vão trabalhar juntos no dia 28 de outubro, a partir das 22h, checando o debate entre Marcelo Crivella e Marcelo Freixo na TV Globo.

Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa e membro do Poynter’s International Fact-Checking Network, disse que ela teve a ideia da iniciativa após ler sobre projetos colaborativos de plataformas de checagem de dados.

Enquanto pensava no assunto, Tardáguila recebeu um convite de Borja Echevarria, vice-presidente e editor-chefe digital da rede de televisão Univision, baseada em Miami.  Tardáguila foi chamada para se unir a um time da Univision e outros dez jornalistas da América Latina para checar o último debate das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 19 de outubro. Depois do telefonema, Tardáguila decidiu que a Agência Lupa replicaria o modelo de colaboração no Rio quando ela voltasse.

A viagem para Miami, que foi uma oportunidade de aprender e contribuir, foi uma prova de que "pessoas com trajetórias diferentes podem trabalhar juntas e compartilhar experiências em áreas diversas". Independentemente do tamanho, organizações de mídia, grandes e pequenas, podem trocar experiências e ideias inovadoras.

Quando Tardáguila voltou ao Rio, ela primeiro entrou em contato com a Agência Pública e conseguiu que a equipe do Truco participasse. As agências decidiram aumentar o grupo e chamaram o Meu Rio e Aos Fatos.

“Se a gente puder se reunir e trabalhar juntos para que os eleitores tenham a melhor informação possível, ao vivo, enquanto assistem aos candidatos na TV ou na internet, teremos feito bem o nosso trabalho”, disse Tardáguila. “Não há necessidade de competir nesse momento. É importante demais para a cidade e para os eleitores saberem exatamente o que é verdade ou não nos debates eleitorais”

A motivação é trabalhar pelos leitores e para dar a eles uma informação rápida, ela explicou. “Você se torna um fact-checker porque você quer mudar as coisas, certo? E você se torna um fact-checker porque você quer que a verdade apareça e seja espalhada.”

As quatro organizações se reuniram no dia 22 de outubro para planejar como eles vão checar ao vivo o debate entre Marcelo Crivella e Marcelo Freixo. Os fact-checkers vão ser divididos em quatro equipes, segundo Tardáguila.

Dois grupos vão ficar baseados na Casa Pública, um centro cultural da Agência Pública inaugurado em março de 2016. Uma das equipes vai trabalhar em aperfeiçoar a transcrição do debate. A outra vai gerenciar e distribuir frases para checagem. Um terceiro grupo será formado por fact-checkers e editores, localizados nos escritórios de cada plataforma participante. Já o quarto grupo, de mídias sociais, vai trabalhar para promover o material na internet.

A Agência Lupa e o Meu Rio já trabalharam juntos para checar um outro debate, mas essa é a primeira vez que as quatro organizações colaboram em um único projeto.

Individualmente, cada plataforma tem checado candidatos nas eleições municipais no Rio desde agosto, segundo um comunicado que anuncia a colaboração.

Na sexta-feira, as declarações vão ser classificadas como corretas, incorretas, exageradas ou fora de contexto, segundo o comunicado. Os resultados vão ser compartilhados nos sites e nas mídias sociais, com a hashtag #checado.

“A colaboração entre veículos vira um pilar do jornalismo contemporâneo na mesma época em que a checagem em tempo real ganha tração mundial. Juntar esses dois fenômenos é essencial”, ressalta Tai Nalon, diretora do Aos Fatos, no comunicado.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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