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Presidente do Equador anuncia vitória em polêmico referendo de regulação da mídia

Os votos ainda estão sendo contados, mas o presidente equatoriano Rafael Correa declarou vitória em um referendo sobre questões que vão desde a proibição das touradas à criação de um grupo para regular os meios de comunicação, informou O Globo. Tanto o governo quanto a oposição têm sugerido que houve irregularidades durante a votação no sábado, 7 maio, de acordo com a imprensa local.

Várias pesquisas apontaram a vitória do “sim”, de apoio às reformas promovidas pelas autoridades, mas a diferença foi menor do que o esperado, acrescentou o Estado de S. Paulo.

Sob o título "a luta acirrada entre o sim e o não", o El Comercio noticiou que, enquanto o Conselho Nacional Eleitoral tem defendido a exatidão da votação, funcionários do governo têm reclamado de inconsistências e erros enormes nas urnas. O jornal digital do governo, El Ciudadano, afirma que houve um "atraso suspeito" na contagem de votos em áreas que, segundo pesquisas, apoiavam o “sim” no referendo.

O El Universo, um jornal da oposição contra o qual o presidente Rafael Correa apresentou uma ação por difamação de 80 milhões de dólares, informou que, após a euforia inicial do governo, a informação sobre o referendo na imprensa oficial foi reduzida a quase zero, neste domingo.

Correa, no poder desde 2007, disse em entrevista à AFP que o triunfo do “Sim” no referendo significa que "a imprensa corrupta e a má imprensa têm muito a temer", mas não a "imprensa livre e independente". "Aqui nós temos tolerância total à crítica, o que não vamos tolerar são mentiras", disse ele.

Entre as dez questões levantadas no referendo estão a proibição de cassinos e touradas e a ampliação do poder da presidência em nomeações judiciais. De interesse específico para as organizações de imprensa, segundo O Estado de S. Paulo, o referendo propôs a criação de uma comissão para regular os meios de comunicação. O governo poderá impedir que o proprietário de uma empresa de comunicação tenha outros interesses comerciais e propõe responsabilizar os jornalistas por suas matérias - o que  é visto como um empecilho à liberdade de expressão.

Correa, que tem processado pessoalmente jornalistas e meios de comunicação por artigos que considera ofensivos, intensificou as críticas à imprensa na semana anterior à consulta.

Em uma coluna publicada pelo jornal online Hoy, o jornalista Andres Oppenheimer escreveu que a vitória do governo na consulta pública representa a primeira vez na América Latina em que "“eleitores de um país aprovam medidas que aumentam a corrupção governamental".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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