O presidente do Equador, Rafael Correa, abriu processo contra dois jornalistas que publicaram um livro no qual revelam um suposto caso de corrupção envolvendo o irmão mais velho do mandatário, informou o El Diario. O presidente estaria pedindo 10 milhões de dólares por danos morais, acrescentou o La Hora.
Juan Carlos Calderón e Christian Zurita, autores do livro "O Grande Irmão" (tradução livre), que narra a investigação de supostos contratos milionários entre o governo e empresas vinculadas a Fabricio Correa, receberam a notícia com surpresa e afirmaram não ter recebido ainda uma notificação oficial, explicou o El Comercio.
Em entrevista divulgada pelo Confirmado.net, Zurita disse que o processo não amedronta a dupla. “[O presidente] poderá nos cobrar um dinheiro que não temos e nos prender, mas nunca conseguirá ocultar ‘a verdade histórica’ do livro O Grande Irmão, que traz informações documentadas sobre os contratos que Fabricio Correa assinou com o Estado”, afirmou.
O diretor da organização Fundamedios, César Ricaurte, considerou a situação “grave”, porque “ela implica seguir no caminho da judicialização da opinião e da investigação jornalística. Com isso, o presidente manda um sinal de que esta será a linha a seguir”, declarou, citado pelo El Universo.
Um relatório sobre a situação da mídia no Equador, apresentado recentemente pela Unesco, enfatizou a necessidade de se rever a lei do desacato e modernizar a legislação relacionada à liberdade de expressão, num momento em que a relação entre o governo e a imprensa está tensa, por causa de constantes críticas e interferências do presidente Correa.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.