Por Lorenzo Holt
Apesar do baixo percentual de mulheres em reportagens e apresentando notícias, a América Latina teve um avanço mais significativo na igualdade de gênero neste campo em comparação com outros países, segundo um estudo sobre a presença de mulheres nos meios de comunicação do mundo.
Em 2000, 27% dos jornalistas em periódicos, rádios e telenotícias eram mulheres na região. Este número aumentou para 41% em 2015, segundo o relatório deste ano do Projeto de Monitoramento Global de Meios (GMMP na sigla em inglês), organizado pela Associação Mundial para a Comunicação Cristã (WACC na sigla em inglês) com o apoio da ONU Mulheres.
Além disso, o percentual de mulheres na América Latina que foram objeto de notícia ou que foram fonte de informação em jornais, emissoras e noticiários televisivos passou de 16% em 1995 a 29% em 2015, segundo o relatório.
“Este é o avanço mais significativo nos últimos 10 anos. Agora é a região com a maior proporção de mulheres chefes de Estado. Tem um forte ativismo em direitos humanos, um movimento feminista vibrante. Quando as mulheres são empoderadas, as histórias mudam”, disse Karin Achtelstetter, secretária-geral da WACC, segundo um comunicado de imprensa.
Achtelstetter e outros participantes e patrocinadores do GMMP, incluindo ONU Mulheres, apresentaram o relatório em uma conferência de imprensa nas Nações Unidas no final de novembro.
Na América Latina, as mulheres representam 47% dos repórteres da imprensa escrita, 36% dos jornalistas de rádio, e 50% dos jornalistas de televisão, segundo o estudo.
43% das mulheres jornalistas estão entre as idades de 19 e 34 anos, enquanto apenas 14% dos repóteres homens estão neste grupo de idade. 53% dos repórteres homens estão entre 35 e 49 anos, enquanto apenas 33% das repórteres estão neste grupo. Segundo o estudo, isso demonstra que as mulheres jornalistas são valorizadas mais por sua juventude, enquanto os homens, por sua experiência.
O estudo também indicou que na América Latina as mulheres eram o tema central das notícias em 17% das matérias. Separado por temas, as mulheres são o personagem principal em 20% das matérias de delinquência e violência, 16% em matérias de celebridades, arte e esportes, e 10% em matérias de política, governo e saúde.
Só em 6% das histórias noticiadas tanto por homens quanto por mulheres jornalistas os temas têm a ver com igualdade de gênero; a maioria das notícias reforçam os estereótipos de gênero, de acordo com o GMMP 2015.
O estudo concluiu que os meios de comunicação alternativos podem proporcionar uma oportunidade para criar maior conteúdo centrado em questões de gênero.
Quinze países latino-americanos participaram do estudo este ano, dois a mais que em 2010. Cada país participante foi indicado para monitorar um número de suas fontes de meios de notícias, e os resultados foram comparados e ajustados para proporcionar uma imagen global. O relatório distingue entre as fontes dos meios de comunicação tradicionais e dos novos, embora as estatísticas sejam similares.
A WACC começou a coordenação do GMMP em 1995, quando voluntários de 71 países monitoraram pela primeira vez a presença da mulher nas notícias de rádio, televisão e na imprensa regional.
Para ver o relatório completo em inglês, clique aqui. Para ver os principais resultados do informe geral em espanhol, clique aqui.
Para ver o relatório regional sobre América Latina em espanhol, clique aqui.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.