Processos eleitorais se tornaram um dos alvos perfeitos para quem promove a desinformação e informações falsas ou enganosas. Infelizmente, não só cidadãos sofrem os estragos das redes de desinformação, como também a mídia e jornalistas enfrentam o difícil desafio de mapeá-las e combater os seus efeitos na sociedade.
Frente a este panorama e com vários países da região prestes a realizar processos eleitorais, a rede Latam Chequea e a Unesco decidiram oferecer uma série de palestras gratuitas intituladas "Estratégias para combater a desinformação eleitoral na América Latina e no Caribe", no âmbito do projeto PortalCheck. A iniciativa, realizada em conjunto com o site argentino Chequado, busca entender a fundo a desinformação eleitoral que circula na região e compartilhar esse conhecimento com atores-chave, de forma que encontrem ferramentas para combatê-la.
“O efeito da desinformação nas eleições foi especialmente preocupante nos últimos anos, em que houve tentativas de desacreditar o resultado de eleições com base na desinformação, o que pode afetar a confiança dos cidadãos nos processos democráticos. Há também desinformação que busca impedir as pessoas de votar, por exemplo, informando-as erroneamente sobre o dia ou local da votação, ou confundi-las e afetar sua capacidade de votar de forma válida”, disse Olivia Sohr, diretora de Impacto e Novas Iniciativas do Chequeado, à LatAm Journalism Review (LJR).
Segundo Sohr, as palestras buscam justamente discutir as ferramentas que os diferentes "atores-chave" podem utilizar de forma mais eficaz.
“As ações específicas são diferentes dependendo do tipo de ator, mas esperamos que nos ajudem a estar melhor preparados para agir rapidamente e para mitigar o efeito da desinformação nos processos eleitorais”, acrescentou.
Tendo em conta este fator diferencial, as palestras dirigem-se a três atores principais: jornalistas, professores do ensino secundário e órgãos eleitorais. Cada uma dessas palestras, pensadas especificamente para cada grupo, terá duração de duas horas e será realizada virtualmente.
No caso dos jornalistas, a palestra mais recente aconteceu neste dia, dia 6 de junho, às 17h (horário da Argentina), e a próxima será na quarta-feira, 14 de junho, às 10h (horário argentino). As palestras dirigidas a autoridades eleitorais estão marcadas para 5 de julho (15h, horário da Argentina) e quinta-feira, 13 de julho (10h, horário da Argentina).
As palestras para jornalistas se concentram em abordar como eles podem identificar e combater a desinformação eleitoral por meio de diferentes estratégias, desde não amplificar a desinformação até como desmenti-la, bem como trabalhar com públicos especialmente vulneráveis, explicou Sohr. Há nas falas para todos os grupos pontos introdutórios comuns relacionados ao próprio fenômeno da desinformação e a como circulam conteúdos falsos.
A experiência da rede Latam Chequea, coordenada por Chequeado, em diferentes países da região, moldou o conteúdo das palestras. Nesse sentido, essas lições podem ser úteis para qualquer país da região.
“A desinformação em contextos eleitorais representa uma grande ameaça à democracia. Da Unesco consideramos que a melhor estratégia para contrariar este fenômeno é gerar capacidades dos cidadãos para detectar a desinformação, conhecer as formas como se propaga, não contribuir para a sua divulgação e até criar contra-narrativas”, disse, Rosa M. González, assessora regional de Comunicação e Informação da Unesco para a América Latina e o Caribe. “Para alcançar esse empoderamento dos cidadãos, trabalhamos especialmente com atores-chave, como jornalistas e meios de comunicação, autoridades eleitorais e educadores. O projeto PortalCheck – Eleições oferece ciclos de formação e ferramentas úteis para atingir este objetivo”.
A participação é gratuita, mas exige inscrição prévia por meio deste formulário.