O jornalista Leobardo Vázquez Atzin, de 42 anos, foi assassinado no assentamento de El Renacimiento, na cidade de Gutiérrez Zamora, Veracruz, em 21 de março.
Noreste informou que pessoas armadas entraram em sua casa e dispararam contra ele à queima roupa antes de fugir em uma motocicleta, por volta das 20h.
Ele cobria sobre questões políticas, conflitos sociais e crime em Gutiérrez Zamora e Tecolutla, no norte de Veracruz, segundo a Comissão Estatal de Cuidados e Proteção de Jornalistas (CEAPP, na sigla em espanhol), que condenou o assassinato por meio de um comunicado à imprensa.
Vázquez Atzin trabalhou para Noreste, La Opinión de Poza Rica e Vanguardia de Veracruz, segundo Aristegui Noticias. Foi editor e designer da Noreste, cofundador da revista El Portal e diretor de comunicação social da Câmara Municipal de Papantla, informou Animal Político.
Vázquez Atzin abriu recentemente uma página no Facebook chamada Enlace Informativo Regional. A página tem 2.043 seguidores.
Noreste informou que Vázquez Atzin recebeu ameaças via Facebook depois que ele publicou sobre uma invasão de propriedade na região. O post do Facebook que Noreste destacou também indica uma disputa sobre a propriedade de terrenos. O jornal Noreste disse que a conta de Vázquez Atzin foi bloqueada por alguns dias após a ameaça e ele abriu outra para continuar reportando.
La Jornada citou Ana Laura Pérez, presidente do CEAPP, dizendo que colegas da região disseram que Vázquez Atzin recebeu ameaças de um prefeito e um notário público. No entanto, ela disse que o jornalista não informou as ameaças ao CEAPP.
A organização exigiu em um comunicado de imprensa que a Procuradoria Geral do Estado investigue o assassinato com o trabalho de Vázquez Atzin como jornalista como a principal linha de investigação.
A Procuradoria Geral do Estado publicou um comunicado sobre o assassinato “de um comunicador que atualmente trabalhava como comerciante de alimentos, identificado como L.V.A.”. O órgão disse que a pessoa assassinada estava “realizando atividades relacionadas ao seu negócio de fabricar e vender tacos” quando ele foi baleado por pessoas desconhecidas. A equipe de investigação designada para o caso é coordenada pelo Promotor Especial de Atenção às Reclamações contra Jornalistas, de acordo com a Procuradoria Geral. O órgão disse que todas as linhas de investigação serão consideradas.
No passado, as organizações de liberdade de expressão lutaram para que os assassinatos de jornalistas sejam assumidos pela Procuradoria Federal para Crimes Contra a Liberdade de Expressão (FEADLE), como no caso do homicídio de 2015 do jornalista Moisés Sánchez Cerezo, em Veracruz. De acordo com a Artigo 19 do México, o trabalho jornalístico de Sánchez Cerezo foi desconsiderado como motivo do crime, com a FEADLE se referindo ao seu trabalho normal como taxista e dizendo que seu trabalho como repórter era esporádico.
Segundo a Artigo 19 do México, Vázquez Atzin é o terceiro jornalista assassinado no México este ano. Em seu recente relatório anual, a organização disse que 41 jornalistas foram assassinados desde que o atual presidente, Enrique Peña Nieto, assumiu o cargo.
A Artigo 19 considerou Veracruz o Estado mais perigoso no México para o exercício do jornalismo. A entidade notou que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) classificou Veracruz como uma “zona de silêncio” em 2016. Dezessete jornalistas foram assassinados no Estado enquanto Javier Duarte era governador (2010-2016). “No entanto, a mudança no governo estadual não conseguiu diminuir o risco para os jornalistas no estado. Durante a atual administração de Miguel Ángel Yunes Linares, quatro jornalistas foram mortos”, diz o relatório.