Por Samantha Badgen
Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediu na última quinta-feira, 17 de março, a liberação da jornalista independente Juliet Michelena Díaz, presa em 7 de abril em Cuba.
Díaz foi detida três dias antes de ter uma reportagem sobre um episódio de violência policial que ela testemunhou em La Habana publicada em Cubanet, un portal informativo baseado em Miami. A reportagem relata o uso de cães sem focinhos nas ruas e prisão e maus-tratos a cidadãos que "definem a falta de ética de oficiais desse corpo armado".
Segundo Noticias Terra, um porta-voz da RSF disse a EFE que dado que a matéria não havia sido publicada antes da prisão da jornalista, não se poderia descartar que as autoridades cubanas já soubessem de seu conteúdo antes.
RSF disse que as acusações que a jornalista enfrenta mudaram na semana que passou detida. Primeiro ela foi acusada de “ameaças a uma vizinha de Centro Habana” e agora de “atentado”, apesar de não ter provas aparentes que corroborem estas acusações. A acusação de “atentado” a impediu de ser liberada, como costuma acontecer com os casos de detenção arbitrária registrados na ilha.
“Pedimos que Juliet Michelena Díaz sela posta em liberdade o mais rápido possível e que sejam retiradas todas as acusações contra ela. A gravidade das acusações demonstra o desejo de calar a jornalista e de censurar toda crítica”, disse Lucie Morrillon, diretora de investigação de RSF. “A violência policial, por outra parte, está longe de ser um tema agradável para os cidadãos cubanos”.
Díaz pertence à Red Cubana de Comunicadores Comunitarios, um grupo de defesa da liberdade de informação cujas reuniões são reprimidas de vez em quando, já que em Cuba os jornalistas são vítimas de assédio judicial constante, e geralmente resultam em múltiplas detenções, embora de curta duração.
Díaz já havia sido detida antes, em 26 de março de 2014, mas foi liberada horas depois. As detenções arbitrárias em Cuba têm como fim desestabilizar os jornalistas e tornar mais lento seu intercâmbio de informação, de acordo com a RSF.
Além de Díaz, há três jornalistas e blogueiros cumprindo sentenças em Cuba atualmente. Yoenni de Jesús Guerra García foi detido em outubro de 2013 e condenado a sete anos de prisão em março; Ángel Santiesteban-Prats foi preso há mais de um ano, e José Antonio Torres, do jornal oficial Granma, foi condenado a 14 anos de prisão em julho de 2012.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.