Um novo site brasileiro dedicado a abordar questões de gênero usando jornalismo de dados foi lançado em 10 de agosto com um foco nos Jogos Olímpicos de 2016 que acontecem no Rio de Janeiro.
A equipe de jornalistas por trás da Gênero e Número disse ao Centro Knight em julho que a cada mês irá abordar um novo tema relacionado aos acontecimentos mais marcantes do momento.
“A gente quer trabalhar especialmente para melhorar o debate [sobre gênero] e transpor o nicho no qual ele se coloca. Nossa proposta é fazer jornalismo sobre gênero para fora do nicho. É furar a bolha,” disse Natalia Mazotte, co-diretora do projeto e instrutora assistente do Centro Knight.
Com foco nas Olimpíadas deste mês, o site usa infográficos, vídeos e visualização de dados para discutir as questões de gênero relacionadas com o evento desportivo internacional.
Por exemplo, um artigo interativo usa dados para mostrar que, enquanto o número de mulheres atletas que competem nos jogos está aumentando, a representação das mulheres nas federações esportivas e comitês olímpicos permanece baixa.
Há também uma entrevista com o triatleta norte-americano Chris Mosier, o primeiro homem transgênero a fazer parte da equipe nacional masculina dos EUA e fundador da TransAthlete.com. Mosier discute o progresso (ou a falta de progresso) dos países em reconhecer atletas transexuais e permitir que participem das competições.
Outro artigo usou um infográfico para comparar os salários dos astros do futebol brasileiro Marta Vieira da Silva e Neymar da Silva Santos Júnior, em um artigo sobre os pagamentos díspares entre homens e mulheres atletas.
O gráfico mostra o valor de cada gol marcado caso os jogadores recebessem por gol. Com um salário anual de US$ 400,000 e 130 gols marcados pela seleção brasileira de futebol, Marta receberia US$ 3,900 por gol, de acordo com o site. No entanto, Neymar recebe US$ 14,5 milhões por ano e marcou 50 gols pela seleção, o que corresponde a cerca de US$ 290,000 por gol marcado em jogos da seleção brasileira.
Há também uma seção especial dedicada à infografia. Uma delas mostra o tempo de transmissão televisiva dedicado às atletas mulheres nos programas esportivos durante um determinado período de tempo.
A equipe editorial no novo site brasileiro escreveu que debuta com "rigorosa apuração jornalística" em meio aos "padrões e assimetrias de gênero ainda tão arraigados nas quadras, piscinas, pistas e bastidores do esporte."
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.