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Startup brasileira lança curso de jornalismo, enfatiza diversidade e anuncia novo tipo de cobertura nacional

Com o objetivo de capacitar um grupo diverso de profissionais e formar uma rede de colaboradores em todo o Brasil, a jornalista Alecsandra Zapparoli criou a primeira edição da Jornada Galápagos de Jornalismo. Fundadora de uma nova startup de mídia chamada Galápagos Newsmaking, a ex-executiva da Abril teve a ideia de fazer o curso para recrutar pessoas que possam produzir conteúdo de qualidade de regiões que hoje não têm espaço na imprensa.

Alecsandra Zapparoli

A jornalista Alecsandra Zapparoli criou a primeira edição da Jornada Galápagos de Jornalismo para treinar um grupo diverso de jornalistas de todo o Brasil. (Cortesia)

Segundo Zapparoli, os pilares da ementa do curso são credibilidade, conteúdo e audiência. Dentro dessas áreas, há aulas de empreendedorismo, ética, jornalismo de dados, e storytelling, por exemplo. Também haverá discussão de temas atuais à profissão, como fake news, polarização e transparência. “Conversamos com muita gente do mercado para montar essa grade”, conta Zapparoli ao Centro Knight.

Palestras e oficinas para a Jornada Galápagos de Jornalismo serão sediadas nos escritórios de grandes empresas de tecnologia: Amazon, Google, LinkedIn e Twitter. Além de ceder seus espaços, a ideia é que essas marcas também contribuam com conhecimento e ferramentas.

O treinamento presencial, gratuito, será em São Paulo, entre os dias 21 de julho e 1º de agosto, para 30 pessoas. Outras 170 poderão acompanhar as aulas à distância. As inscrições estão abertas neste link e vão até dia 30 de abril. Qualquer pessoa com mais de 18 anos interessada, cursando ou já graduada em qualquer área, pode participar. Os selecionados terão despesas cobertas de deslocamento, hospedagem e alimentação.  O curso tem patrocínio da Ambev, Nestlé e Gol.

Os formandos do curso poderão participar da futura rede de colaboradores freelancers da Galápagos Newsmaking, nova startup de mídia fundada por Zapparoli, ex-publisher da editora Abril. O objetivo é que esse contato fomente a produção de pautas e continue a formação dos alunos. 

A gestora dessa comunidade de alunos egressos do curso será a jornalista Giuliana Bergamo, que também ressalta ao Centro Knight a importância de um grupo bastante diverso de profissionais.

“Queremos conhecer as pessoas e a realidade delas. Se a gente tem o objetivo de jogar luz nesses rincões do Brasil que não estão sendo cobertos agora com um olhar diferente do nosso, temos que ouvir”, resume. 

Para garantir a diversidade nessa seleção, a Galápagos fechou parceria com a empresa de recursos humanos Mais Diversidade. Essa característica de pluralidade está ligada a um dos elementos fundamentais ao conceito de jornalismo da nova startup de comunicação: a regionalização de temas e a preferência por histórias humanizadas.

“Quanto mais diverso o grupo, mais diversa será minha pauta”, diz Zapparoli. “Não queremos descaracterizar o jeito que essas pessoas se comunicam. A ideia é que seja (um conteúdo) mais autoral, dentro das premissas do jornalismo profissional. O desafio dessas pessoas (que saírem do curso) será trazer histórias de interesse nacional que sejam regionais. A ideia é que eles sejam nossos ‘pauteiros’”. 

Jornalismo evolucionário: como vai funcionar a Galápagos Newsmaking

Após sair em agosto da editora Abril, que pouco tempo depois entraria em recuperação judicial, Zapparoli decidiu fundar uma empresa de mídia de médio porte. Ela conta ter conversado com quase 70 profissionais da área para moldar o que seria a alma de sua nova empreitada, o “jornalismo evolucionário”.

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“Isso veio da minha experiência como gestora na Abril e de sentir falta na imprensa de diversidade, regionalização, conexão por inteligência artificial e a favor do jornalismo e transparência”, afirma Zapparoli.

A ideia é lançar quatro marcas diferentes de jornalismo. A primeira delas, a ser inaugurada em agosto, é a Darwin News, que tem o objetivo de cobrir pautas quentes de uma maneira mais aprofundada. A Galápagos também vai contar com verticais de saúde mental (FelizMente), gastronomia saudável (Sabor4Life) e empreendedorismo (PMEvolução).

Uma dos aspectos em que Zapparoli pretende inovar é no formato do conteúdo, que pretende ser adaptável para cada público. Por exemplo, o ouvinte de um podcast pode decidir se quer ouvir uma versão de 20 ou de 45 minutos. “Queremos dar ao público a opção de aprofundar ou não o conteúdo, sem espantar o cara que não tiver tempo”, diz.

A distribuição desse conteúdo também se propõe ser diferente. A fundadora da Galápagos explica que seu site não funcionará no esquema tradicional, com uma home onde se acessa as reportagens. O objetivo é que o público chegue a essas matérias principalmente por meio das redes sociais e aplicativos de mensagem. “Não queremos desenvolver uma plataforma, mas adaptar o conteúdo à plataforma em que as pessoas estão”, resume Zapparoli.

Para isso, a jornalista está apostando no uso de inteligência artificial para se valer de chatbots no Facebook Messenger e no WhatsApp, o mensageiro mais usado pelos brasileiros. A empresa de tecnologia Pontomobi vai oferecer consultoria nessa área. Com isso, diz Zapparoli, a meta é ter um público muito engajado com a marca.

A empresa atualmente tem seis funcionários, mas a fundadora tem o propósito ambicioso de crescer para 52 pessoas em três anos. São dois modelos de financiamento do negócio, baseados em “patronos fundadores”: um para empresas, que se comprometem a uma parceria de dois anos em troca de conteúdo customizado; e um para pessoas físicas, consumidores que acreditam no jornalismo da Galápagos.

Apesar de saber ter se proposto a um enorme desafio, Zapparoli afirma acreditar ser um bom momento para inaugurar novas iniciativas de mídia, já que há uma necessidade da audiência de se conectar com o conteúdo jornalístico. A empresária também comenta sobre se lançar a essa empreitada em meio ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Quando temos um governo que não dá bola para a imprensa aí que você tem que fortificar”, afirma. “Nosso papel é fundamental, é fazer direito para mostar que tem gente que faz direito. Queremos ter ponto de vista, mas não algo estridente nem militante, mas inteligente e que jogue luz nos assuntos de alguma forma”.

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