O governo dos Estados Unidos acusou um executivo de dois jornais mexicanos de ter vínculos com a organização narcotraficante Los Cuinis.
Em 16 de dezembro, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos classificou o empresário Naim Libien Tella e quatro empresas, incluindo os periódicos Unomásuno na Cidade do México e Diario Amanecer em Toluca, como “Narcotraficantes Especialmente Designados conforme a Lei de Designação de Chefes Narcotraficantes Estrangeiros” (Foreign Narcotics Kingpin Designation Act), de acordo com um comunicado de imprensa do Tesouro.
Libien Tella é o vice-presidente de Uno Más Uno da Cidade do México e do Diario Amanecer de Toluca. As outras duas empresas designadas pelo governo dos Estados Unidos são Aerolíneas Amanecer, uma companhia de aerotáxis, e uma empresa de investimento.
“Por sua relação com Naim Libien Tella, a organização de tráfico de drogas Los Cuinis utilizou o jornal mexicano Unomasuno para impulsionar suas atividades de tráfico de drogas”, disse o diretor da OFAC John E. Smith, segundo o comunicado do Tesouro. “A ação de hoje demonstra que o Tesouro, junto com seus parceiros da DEA e do Governo mexicano, continuará expondo e apontando os que apoiam narcotraficantes”.
Grande parte das acusações feitas no comunicado de imprensa partem da suposta relação de Libien Tella com Abigael González Valencia, que o governo dos Estados Unidos diz ser o líder de Los Cuinis e que “esteve envolvido no tráfico de drogas desde a década de 1990”. Valencia foi detido em fevereiro de 2015 e está à espera de sua extradição aos Estados Unidos, informou The Wall Street Journal.
“Como resultado da ação de hoje, qualquer ativo que os designados possam ter sob a jurisdição americana serão congelados, e os cidadãos norte-americanos estão proibidos de participar em transações com eles”, disse o comunicado de 16 de dezembro do Tesouro.
Após saber da designação feita pelo Tesouro, Libien Tella divulgou uma carta pública negando contundentemente qualquer vínculo com o narcotráfico e colocou à disposição das autoridades mexicanas e americanas “qualquer informação sobre minhas atividades comerciais e privadas [...]”.
Na carta também ressaltou que os jornais mantêm linhas editoriais “severamente” críticas ao “narcotráfico e suas variantes”, e acrescentou que considera que este é um ataque das autoridades mexicanas em represália a sua linha editorial.
“Acreditamos que dolosamente as fontes mexicanas estão informando erroneamente as autoridades dos EUA, prova é que interesses obscuros pretendem calar esses jornais por sua linha editorial [sic]”.
A Procuradoria Geral do México ressaltou que não tem aberta nenhuma investigação contra Libien Tella, contudo, acrescentou que analisará o relatório do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, segundo o jornal El Universal.
Los Cuinis têm uma conexão e são aliados do Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG), de acordo com o Tesouro dos Estados Unidos.
Segundo o projeto NarcoData de Animal Político, o cartel de Sinaloa, de Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán, e o CJNG atualmente dominam o negócio da droga no México.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.