Um jornalista salvadorenho que está detido há 15 meses pela Agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês), agora tem a possibilidade de pedir asilo e de sair sob fiança, segundo informaram seus advogados por meio de um comunicado de imprensa.
O Conselho de Apelação de Imigração (BIA, na sigla em inglês) ordenou a reabertura do caso do jornalista Manuel Durán, que afirma ter fugido de El Salvador em 2006 devido a ameaças de morte por causa de seu trabalho jornalístico.
“Agora tenho esperanças de que as coisas continuarão melhorando e que em breve eu poderei estar livre. Como sempre, sou grato a todas as pessoas que me ajudaram”, disse Durán em um comunicado de imprensa, desde o centro de detenção do ICE em Gadsen, Alabama, de acordo com Memphis Noticias.
Uma das advogadas de Durán, Gracie Willis, da organização Southern Poverty Law Center (SPLC) informou, por meio do comunicado, que Durán poderia agora pedir asilo nos EUA. De acordo com o comunicado, o jornalista também poderia pedir ao tribunal uma fiança.
“Há muito argumentamos que esta detenção é injusta, irracional e um desperdício de recursos. É especialmente preocupante que ele e tantos outros continuem detidos indefinidamente em prisões remotas quando são estes mesmos centros de detenção os que reclamam estar acima de sua capacidade e pedem que mais prisões sejam construídas”, disse Willis.
No fim de 2018, o 11º Circuito da Corte de Apelações impediu que Durán fosse deportado do país. No início de 2019, de acordo com o comunicado de imprensa da SPLC, o 11º Circuito enviou seu caso de volta ao BIA para revisar evidências dos perigos que os jornalistas enfrentam em El Salvador.
O BIA rejeitou o pedido de Durán para cancelar a ordem de deportação com base no que ele argumentou serem erros em formulários oficiais.
No entanto, o conselho disse que Durán mostrou que as condições mudaram para jornalistas em El Salvador e que ele “expressou uma probabilidade razoável de poder demonstrar um temor bem fundado de perseguição por conta de sua opinião política anticorrupção e sua participação no grupo social de ‘jornalistas salvadorenhos’”.
Willis questionou que Durán tenha tido que esperar 15 meses e apresentar vários recursos para finalmente ter a possibilidade de solicitar asilo.
As organizações Latino Memphis e Adelante Alabama Worker Center também ajudam Durán em sua defesa legal.
Sobre a reabertura do caso de Duran, Bryan Cox, porta-voz do ICE, disse ao Centro Knight que “isso ilustra o exaustivo e devido processo outorgado aos estrangeiros em processos de deportação. A ICE está agora aguardando o resultado de seus procedimentos legais perante os tribunais para determinar os passos futuros apropriados.”
Durán colaborou com vários meios de comunicação nos EUA como repórter até fundar o site Memphis Noticias, que dirigiu até o momento de sua prisão. O jornalista, que não tem documentos para permanecer nos EUA, foi preso em 3 de abril de 2018 enquanto cobria um protesto contra as políticas de imigração do país, de acordo com a imprensa local. Segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), ele portava sua credencial de imprensa.
Ele foi acusado de desordem pública e obstrução de vias, mas as acusações foram retiradas dois dias depois. A ICE o deteve quando ele deixava o tribunal, em 5 de abril de 2018. Desde então, ele permanece detido e já foi transferido algemado a pelo menos três centros de detenção para imigrantes no país.