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Viabilidade e sustentabilidade do jornalismo independente exigem caminhos coletivos, diz SembraMedia

  • Por Isabela Ocampo
  • 16 abril, 2025

Representantes da SembraMedia, organização que trabalha há quase uma década para fortalecer a sustentabilidade dos meios digitais independentes na América Latina, fizeram uma apresentação sobre seu trabalho durante o XVIII Colóquio Ibero-Americano de Jornalismo Digital.

Sob o título "Tendências, conselhos e melhores práticas em sustentabilidade da mídia", as representantes da SembraMedia no Colóquio, Sofía Álvarez e Daniela Fernández, compartilharam as principais conclusões, experiências notáveis e diferentes reflexões sobre os múltiplos desafios enfrentados pela mídia digital na região.

Fernández, diretora de inovação da SembraMedia, abriu a apresentação enfatizando que "os meios de comunicação não são ilhas solitárias, mas arquipélagos conectados", destacando assim a importância do trabalho colaborativo e de uma rede de apoio mútuo no ecossistema jornalístico.

Uma visão abrangente de sustentabilidade

Uma das contribuições da SembraMedia tem sido a sua capacidade de ressignificar a questão da sustentabilidade na mídia. Como explicou Fernández, esta questão evoluiu ao longo do tempo e hoje é entendida desde uma perspectiva mais ampla, ligada a outras dimensões como bem-estar, finanças, a independência editorial e o contexto político-social em que cada meio de comunicação opera.

"A sustentabilidade não é uniforme. A sustentabilidade não é uma coisa só em todos os mercados", destacou Fernández.

Esta abordagem levou a SembraMedia a construir um diretório de meios digitais que atendem aos critérios de independência, transparência e serviço público. Segundo eles, esse mapeamento é constantemente atualizado para refletir as mudanças no ecossistema e os novos projetos que surgem.

Da viabilidade à sustentabilidade

Um dos conceitos-chave que a SembraMedia apresentou durante o colóquio foi a viabilidade como um passo preliminar para a sustentabilidade.

"A sustentabilidade, em última análise, não é o único objetivo. Principalmente vemos que antes da sustentabilidade existe viabilidade", disse Fernández.

Isto é, num ambiente tão imprevisível e complexo como a América Latina, a primeira batalha é para que os meios de comunicação simplesmente existam e depois aspirem a sustentar-se e a crescer.

Esta afirmação ganhou mais força ao abordar contextos mediáticos no exílio ou em países onde a liberdade de imprensa é restringida por leis ou pressões políticas.

"Infelizmente, os contextos mudam e a sustentabilidade também", disse Fernández.

Nestes casos, insistiram que não basta falar de sustentabilidade sem falar de segurança, viabilidade e redes de apoio.

Mais de 30 fontes de renda, mas nenhuma receita mágica

Ao longo das suas investigações, a SembraMedia identificou mais de 30 potenciais fontes de renda para meios de comunicação na região. No entanto, Fernández e Álvarez foram claras ao notar que não existe uma solução única.

"Isso não resolve o problema da sustentabilidade. Isto não é um bingo: hoje vou desenvolver esta fonte de renda, amanhã aquela. Este é um trabalho diário, todos os dias", enfatizou Fernández. Além disso, insistiu que é um trabalho que exige planejamento e avaliação constante.

Nessa linha, eles compartilharam uma frase que a equipe da SembraMedia usa como mantra: "Somos otimistas, embora não sejamos românticos". Ou seja, há esperança nas possibilidades do jornalismo independente, mas sem cair na ingenuidade. A evolução dos modelos de sustentabilidade é um processo longo, complexo e profundamente contextual, enfatizam Fernández e Álvarez.

Os desafios do caminho à frente

Além dos números e modelos, a apresentação da SembraMedia foi um apelo à ação coletiva. Elas reconheceram os desafios estruturais, os contextos de risco e a falta de financiamento como realidades inevitáveis na América Latina. No entanto, ofereceram também uma mensagem de esperança sustentada na experiência acumulada, nos casos de sucesso que têm acompanhado e na convicção de que a sustentabilidade não é um destino, mas sim um caminho que se percorre todos os dias.

Conectar os meios de comunicação, promover a troca de conhecimentos e acompanhar os jornalistas na sua luta para sustentar meios de comunicação viáveis e eticamente sólidos é, em palavras de Fernández, um "trabalho vital para as sociedades". Nesse sentido, a SembraMedia continua a construir pontes para que o jornalismo independente não só sobreviva, mas prospere.

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